15 Agosto 2009

15-08-2009 Porto, Madrid, Girona

Dormi pouco esta noite no aeroporto. Já era tarde quando cheguei, e o voo bastante cedo. A aterragem correu bem, e rapidamente com a ajuda dos funcionários do metro que sempre estão junto as máquinas de venda automática, comprei o bilhete e fui ate à praça de Espanha, bem no centro de Madrid e perto de alguns dos locais que pretendia visitar. Tinha pensado durante a preparação da viagem ir neste dia até ao palácio do El Escorial e o Vale dos Caídos, mas depois acabei por decidir ficar por esta cidade que mal conheço. Tinha aí estado apenas uma vez com os meus pais há  já muitos anos, e apenas me recordava da fonte de Neptuno, dos edifícios inclinados e de entrar no Museu do Prado.

Nunca tinha tido tão pouco tempo para preparar a mala como ontem: apenas 50 minutos para empacotar tudo,tomar banho e ir ate ao autocarro para o Porto. Apenas dou por falta de duas coisas: uma caneta e um corta-unhas. Isto só foi possível porque também há pouco para esquecer. Desde que resolvi seguir os conselhos do Jorge Sanchez sou um viajante mais feliz, e as minhas costas agradecem. A minha mochila pesa uns 5 kg. Muito para o que eu desejaria, mas como prevejo passar algumas noites na rua venho precavido com algum equipamento extra.

Estátua de Dom Quixote e Sancho Pança em Madrid

Tenho cerca de 8 horas para visitar a cidade e começo ali mesmo pela praça de Espanha, onde no seu centro se ergue um monumento a Don Quixote e Sancho pança, míticos heróis da obra de Cervantes.

Templo egípcio de Debod em Madrid

Ali perto visito um monumento cuja sua existência naquele local era para mim enigmática: o templo egípcio de Debod. Interrogava-me por que razão estava ali, no centro de Madrid um monumento originalmente edificado a milhares de quilómetros de distância. Nem consta que os espanhóis tivessem pilhado monumentos daquela região para encher os seus museus como fizeram outros países.

A razão é bem mais heróica: o monumento, que originalmente se localizava no vale do Nilo, junto ao famoso Abu Simbel, foi oferecido pelo governo egípcio a Espanha em agradecimento pela ajuda dada por este país na mudança de local dos monumentos aquando da construção da barragem de Assuão. Lá dentro esta um museu que explica este processo, e alberga alguns artefactos achados no local.

Catedral de Almudena, Madrid

Caminhei depois em direcção ao palácio real que fica ali não muito longe. Não entrei, pois a fila era enorme, o meu tempo curto e o bilhete provavelmente demasiado caro para o meu orçamento muito limitado nesta viagem. Em vez disso deambulei um pouco pelas ruas em redor e fui até à Catedral de Almudena. À entrada, vi logo no topo uma estátua de Santiago. Desde que fiz o meu primeiro caminho que todos os símbolos deste apóstolo me tocam de perto. Haveria de mais à frente nesta viagem reencontra-me com eles por varias ocasiões. A catedral é belíssima por dentro, especialmente as pinturas do tecto, coloridas e que relembram motivos africanos.  Não sou contra a riqueza acumulada pelas religiões, mas aqui, escandalizo-me um pouco ao ver uma placa na caixa das esmolas do riquíssimo altar da senhora de Almudena, em ouro e prata que diz: “A senhora agradece a sua esmola” Será que precisa mesmo dela?

Plaza Mayor em Madrid

Gostava de ter subido ao topo da Catedral, mas estava fechada. Por isso procurei o caminho ate a Plaza Mayor onde tinha combinado encontrar com a Mimi e o Buff, dois suecos couchsurfers que tinham estado dois dias antes em minha casa. A praça palpita de animação, com artistas de rua, músicos, pintores. Caminhámos até ao centro de arte moderna rainha Sofia, passando a caminho por fantásticos homens estátua, a fonte de Neptuno, o museu do Prado. Chegamos pela 1 hora e a visita só era gratuita a partir das 2:30. Por isso, por sugestão deles fomos até uma zona em que havia um mercado de rua. Inesperadamente pude aqui resolver  um dos meus problemas, a falta de corta unhas. Era hora de almoço e por isso eles pararam para comer num restaurante de Kebab. Há muitos nesta zona, fortemente habitada por árabes. Eu apenas tomei uma cerveja pois já tinha comido um pouco da minha bucha que veio de Portugal para poupar uns trocos.

Junto a um quadro de Dalí no museu Reina Sofia

De volta ao museu deparamos-nos agora com uma fila enorme, debaixo de um sol intenso. Valeu absolutamente a pena a visita. Este museu alberga algumas obras de Salvador Dali, o meu pintor favorito. Não sou grande apreciador de arte, mas adoro as obras deste artista, e aqui pude ver algumas das mais famosas. O ex-libris do museu é sem duvida a colossal tela de Picasso, Guernica.

A sala é pequena para tanta gente que pára para ver esta obra. O resto do museu é para mim desinteressante. Na verdade, só gostei duns 20% deste museu, mas estes 20% valeram bem a pena. O 4º piso foi mesmo para esquecer. Assim que entrei, desci logo. Saímos e separamo-nos. Eles iam ver montras. Eu preferi ir até ao parque do retiro para fazer a sesta, um pic-nic e apreciar a boa vida madrilena. Os portugueses queixam-se um bocado da vida que têm. Sinceramente não sei se têm razão, se simplesmente não sabem aproveitar. Aqui o parque está cheio de gente, a usufruir desta infraestrutura. Novos e velhos, ricos e pobres. Por todo o lado há também artistas de rua, coisa que em portugal é muito raro encontrar.

Parque do Retiro em Madrid

À saída da parque, já a caminho dou de caras com uma igreja que por fora mais parece uma mesquita. Anuncia-se como uma das mais belas de Madrid. Decido entrar. Não desilude. A cúpula  pintada, depois de ver o exterior faz-me lembrar as mesquitas turcas.

Assim, já com o sol a por-se, descolei para Girona. Não sei se é do aeroporto, o que é certo é que mesmo estando bom tempo à minha chegada, a aterragem foi um quanto violenta, embora de longe melhor que a ultima que fiz neste aeroporto, e que por pouco não acabou mal.

O aeroporto estava  diferente. Em obras, e com bastante mais passageiros que em Fevereiro. Escolhi um local recatado para esticar a minha colchonete e dormir. Sendo um aeroporto quase exclusivo da Ryanair, os viajantes são também de baixo custo, logo há muita gente a dormir pelo chão.  Para estragar a noite, pelas 4 da manha, aparece um grupo de 3 guardas. Um deles, decide começar a acordar toda a gente. Quando chega a mim eu já estou acordado e ele não me diz nada. Um rapaz que estava ao meu lado pede-lhe para falar inglês, mas ele só fala catalão. Ele vai perguntar ao balcão de informações o que se passa, e confirmam-lhe: o homem apenas queria incomodar quem estava a dormir. Eu, retomo a minha posição horizontal e adormeço.

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2 Comentários

  1. a diz:

    essa cena de acordar o people que está a dormir, é de muito mau gosto lol…
    Gostei do parque do retiro.. Aqui em Portugal fazem falta parques como este…
    Em Paris tens o espace Salvador Dali.. Só coisas de Dali 😉 tens de lá ir um dia ehehe já que gostas dele
    Adoro a cena de ires sozinho e depois ires conhecendo outro people eheh.
    Está bem escrito, não te apoquentes.
    Do your thing*

  2. a diz:

    ena..não sei por onde começar a comentar. é tanta a informação e percurso que me perco.
    nunca estive em madrid…mas para capital, parece-me interessante…a ver se vejo isto com mais calma***

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