17 Agosto 2009

De Andorra a Foix – entrar em França à boleia

Estava ansioso pela chegada deste dia. Ia hoje começar a verdadeira aventura: o inicio da minha viagem à boleia. Antes disso, tempo para fazer uma rápida visita à cidade. Não estava com grandes expectativas, mas ainda assim fiquei desiludido. Como sempre dei prioridade à visita às igrejas.

É normalmente  nos templos que se encontra a alma do povo, mas aqui encontrei pouca alma. Certamente seriam muito mais interessantes algumas que se encontram nas montanhas do que estas que se encontram um bocado descaracterizadas, mas o tempo não me permitia mais.

Igreja em Andorra a Velha

O país de verão pouco interesse tem. Agora que não há neve, vive-se do comércio de álcool e tabaco, havendo milhares de vizinhos espanhóis e franceses que aqui se deslocam como a um centro comercial. Embalado pelo ritmo acabei por comprar uma pequena navalha, sempre útil, mas que não podia trazer no avião na mesma loja onde comprei um postal para enviar para uma amiga.

Ganhei o habito de enviar postais durante as viagens. Há quem adore, há quem nem ache grande piada, mas assim recebem as recordações da minha viagem antes mesmo de eu chegar.

Estância termal Caldea em Andorra

Comprei alguns mantimentos num centro comercial e sentei-me num banco de jardim junto à Caldea, o fabuloso centro termal, a comer e a fazer a minha primeira placa para boleia nas costas do folheto do centro de arte de Madrid com uma caneta que pedi ao Sérgio aqui em Andorra. Subi então para a rotunda que sai da cidade em direcção a França e estiquei o dedo. Estava um pouco ansioso.

Vista panorâmica de Andorra a Velha

Era a primeira vez que andava a sério à boleia, e aquele momento seria como que um indicador do futuro que tomaria esta viagem. O orçamento que trazia não me permitia apanhar quaisquer transportes públicos, logo se isto corresse mal, iria visitar muito pouco, e fazer pouco mais que o caminho directo para Marselha, onde tinha o voo de regresso.

A pedir boleia em Andorra

Incrivelmente, o terceiro carro que passou, parou. Uma rapariga nova e bem gira, acompanhada pelo seu cão. Ia só até Canillo, mas aceitei na mesma. Eram 12:25 quando chegamos. Estava agora cheio de confiança. Caminhei até à saída da localidade, junto ao posto dos bombeiros, e em 5 minutos parou outra rapariga.

Também esta conduzia que nem louca pelas estradas sinuosas deste pais montanhoso. Estava realmente espantado com isto.  Deixou-me em Soldeu, uma localidade uns quilómetros mais à frente. Caminhei de novo um pouco, estiquei o dedo por mais 5 ou 10 minutos, até que parou um rapaz Francês. Vinha de França e ia para a região de Bordéus,atravessando assim grande parte da França, e passando por Foix, o meu destino deste dia. Foi super simpático.

Mesmo falando só o francês, foi atencioso ao ponto de fazer algumas paragens para eu tirar fotos.  Assim que me sentei no carro senti que o banco estava fresco, mas pensei que era por alguma coisa que ele tinha congelada em cima do banco. Passado um pouco descobri que aquela agradável frescura que se entranhava nos meus calções era mesmo agua que se tinha entornado da garrafa que ele lá trazia. Cheguei assim a Foix bem fresquinho pouco depois das 2 da tarde. Primeira cidade Francesa, dominada por um castelo de três belas torres no cimo da colina.

Castelo de Foix em França

Visitei-o e comi à entrada mais um pouco de pão e chouriço acompanhado de iogurte liquido. O castelo, como de costume  nos castelos é mais bonito visto ao  longe do que por dentro, mas ainda assim valeu a visita.

Torre do castelo de Foix, França

Passei o resto da tarde a admirar as ruas da localidade, bem ao estilo francês, e também a imprescindível visita à igreja principal.  Tudo era novo e exótico para mim, nesta primeira vez em França.

Pelas 7, depois de ter estado um bocado a descansar no jardim enquanto aproveitei para escrever um pouco do diário, fui até casa do couchsurfer onde iria pernoitar. Era um T1 bem típico no centro da cidade, com vista para o castelo e eu o primeiro convidado que ele recebia pelo CS, depois de algumas tentativas falhadas. Tomado duche, preparámos a comida e fomos até ao topo duma montanha ali perto para um pic-nic com uns amigos dele. Novamente, sendo fim do dia, os céus ameaçavam chuva, que não chegou a passar duns chuviscos.

Parámos num local com uma vista fabulosa. Enquanto os colegas dele não chegam  vamos bebendo uma cerveja enquanto olhamos o por do sol. Entretanto chegam os amigos, dois rapazes e duas raparigas. Sou logo prevenido de que os franceses têm pouca aptidão para as línguas:dois deles arranhão o espanhol e outro um pouco de inglês.

O jantar faz-se de chouriços, tortilhas, presunto, frutas, etc e termina com os inevitáveis queijos. Dois deles até são bons, mas o outro estraga tudo. “Coeur de Leon” em doses individuais. E uma é para mim! Sem grande vontade lá acabo por comer metade da minha dose individual, com uns golos de vinho para empurrar.

Picnic nas montanhas de Foix

Durante isto apareceram mais alguns carros para fazer pic-nic, mas arrumaram tudo assim que vieram os pingos de chuva. Notei uma certa rivalidade, pacifica, entre os locais, e aqueles a quem chamavam de “parisienses”.

Depois de fazermos e apagarmos uma fogueira para aquecer o fresco da noite, descemos a montanha por uma estrada cheia de vacas a passear no meio desta, para ir preparar o sofá para a minha primeira noite em França.

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0 Comentários

  1. a diz:

    LOL, não é de admirar que tenhas apanhado tantas boleias. Ainda por cima tiveste sorte de apanhar de raparigas e tudo. Não é uma rapariga qualquer que dá boleia a um desconhecido! Deves ter cara de bom rapaz
    lol..
    E outro sofá… Isso é que é mesmo economizar… Aiai.. o que se poupa nessas andanças.
    Piq nique nocturno não é para todos… É para os rijos! Eu cá não sou esquisita. Aposto que o queijo com fome até se comia bem, quando empurrado com alguma coisa para desembuchar…
    Segundo dizem, o resto da França nada tem a ver com Paris.. Mas não sei.. eheh, é o que dizem por aí..
    Esses castelos até que parecem apelativos….