2010-06-04 Divrigi, Maska
Sinto que já vi este filme, no cinema ou em frente ao computador. Acordo pelas 5 da manhã no chão de uma pequena sala de espera duma estação de comboio da Anatólia central. Os bancos estão quase todos ocupados sobretudo por mulheres e suas filhas. Todas usam coloridos véus. Prefiro não imaginar o que pensam de mim, mas o olhar das mães é bem diferente do das filhas.
Um dos funcionários da estação vem ter comigo e tenta explicar-me algo em relação aos comboios. Mostra-me no horário que há um comboio dentro de minutos para Erzinçan, mas eu, cheio de sono e sem perceber uma palavra do que ele diz, não percebo. Volto para o saco cama. Pelas 8 da manhã aparece finalmente um funcionário que fala inglês. Explica-me que havia um comboio local às 5, e que foi pena eu não ter percebido isso, porque agora vou ter de esperar pelo menos até às 12 pois o outro comboio está atrasado.
Assim, tendo ainda algumas horas livres subo de novo à cidade para visitar as ruínas do castelo e os mausoléus que estão espalhados pelas ruas. Regresso à estação pelas 11 horas. O pessoal que aí encontrei ontem convida-me de novo a juntar-me a eles, depois de comprar o bilhete. Pago 4,5YTL com desconto de estudante. Viajar de comboio na Turquia é barato. E lento.
Na estação estão agora 3 turistas coreanos também à espera do comboio. Às 12 horas finalmente, chegada, entrada, partida! Tal como eu esperava quando decidi apanhar este comboio, todo o caminho se faz por um vale espectacular, mas ainda assim não consigo resistir ao conforto dos bancos e acabo por dormir um pouco. Gostava de ter feito toda esta viagem desde Istambul de comboio. Era mais barato e mais confortável, mas demoraria muito mais tempo.
Assim, 3 horas depois estou em Erzinçan. Caminho até à otogar. Ainda tinha pensado tentar ir à boleia, mas já é tarde, está muito calor e nos últimos dias tenho-me tratado muito mal. Decido não arriscar. Compro bilhete para Maska com partida às 16:30.
O meu próximo destino é o mosteiro de Sumela, nas montanhas do norte da Turquia, próximo do Mar Negro. Uma pessoa normal apanharia um autocarro para Trabzon, a grande cidade mais próxima, a 50km, onde há hotéis e organizam viagens até ao mosteiro. Eu prefiro ficar a 10km deste mesmo sem saber se terei onde dormir, ou transporte para o mosteiro. Certamente que sim!
Em poucas horas atravesso paisagens completamente diferentes. O planalto da Anatólia Central está separado do Mar Negro por uma cordilheira montanhosa com mais de 2000 metros. O clima é completamente diferente de um lado para outro e as montanhas fazem lembrar os postais da Suiça, de encostas verdejantes com casinhas e vacas brancas a pastar. Pela primeira vez na Turquia passo por um check point militar onde todos os carros e autocarros param para controlo dos passaportes. Chego já de noite a Maska.
Sou o único passageiro a sair ali. Os outros seguem para Trabzon. Está a borraçar. Hoje preciso dum hotel. Como o que consigo dum kebab xxl e vou à net, onde encontro o cartão duma pensão ali perto que parece estar ao nível da minha carteira. Vou até lá. Pedem-me 35YTL com pequeno almoço. Aceito.
Faço contas: desde que há 7 dias saí de Milão, o mais parecido que tive com uma cama foi um sofá em Bran , na Roménia e um colchão no chão em Sófia na Bulgária. Chegou a hora do merecido descanso. Amanhã não há despertador.
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