Índia
Índia. A incrível Índia! O tal país que marca a vida de qualquer viajante desde cedo que esteve no topo da minha lista de locais a visitar. Um pouco pela cor e o exotismo, pelas longas viagens de comboio, não tanto pelo Taj, mas sim por Goa, pela Velha Goa e o património lá deixado pelos nossos antepassados.
Em 2016 finalmente lá surgiu a oportunidade de visitar um pouco deste imenso país que é a Índia. Talvez seja até mais correcta a designação de subcontinente indiano, tal é a variedade de gentes, línguas, climas, relevos, religiões que compõem a Índia.
Tendo pouco tempo para a viagem, cerca de duas semanas, e voos de ida e volta para Bombaím, decidi dividir o meu tempo entre Goa e o chamado “triângulo dourado”: Deli, Agra, Jaipur. Os meus dias foram então divididos assim:
- 1º e 2º dias: Bombaim e Ilha de Elefanta
- 3º a 6º dias: Goa (Panjim, Velha Goa, Aguada, Candolim)
- 7º e 8º dias: Deli
- 9º dia: viagem para Agra
- 10º dia: Agra
- 11º dia: viagem para Jaipur
- 12º dia: Jaipur e Forte de Amber
- 13º dia: viagem para Bombaim
- 14º dia: Bombaim
Mapa da minha viagem na Índia
Preparar a viagem à Índia
Nesta página vai encontrar um pouco do que eu andei a fazer ao longo destes dias na Índia, assim como algumas dicas e informações que o podem ajudar a preparar a sua viagem.
Duas semana já é muito bom para uma visita à Índia. Grande parte dos viajantes opta por voar para Deli e usar os dias que eu gastei em Goa para ir até Varanasi e explorar um pouco mais do Rajastão. Outro itinerário que pode também ser interessante, especialmente se viajar nos meses de mais calor, é fugir um pouco para norte para os frescos Himalaias. O meu amigo João Leitão que esteve por lá nos mesmo dias que eu, optou por subir até Leh e Srinagar fugindo assim aos 45º que se faziam sentir no Rajastão.
Antes de sair lembre-se que vai para o segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1200 milhões de habitantes onde são frequentes as cidades onde numa área inferior à de Lisboa vivem mais habitantes que em Portugal inteiro! Isto condiciona os transportes, o alojamento e a poluição, não só o lixo, a água ou o ar, mas principalmente a poluição sonora!
Locais a visitar na Índia
Bombaim
A mega metrópole de Mumbai, ou Bombaim, foi a minha porta de entrada na Índia. Bombaim é a capital financeira da Índia, e do Bollywood, a gigantesca máquina de cinema indiano. O horizonte da península é dominado pelos arranha-céus de uma cidade em crescimento desenfreado, que escondem enormes favelas, edifícios de exuberante arquitectura colonial britânica e parques onde a toda a hora se joga críquete.
Ler mais sobre os meus dias de viagem em Bombaim
Jaipur
A cidade rosa de Jaipur é a charmosa capital do estado do Rajastão, o maior da Índia, estendendo-se desde junto de Deli até à fronteira com o Paquistão. É um território maioritariamente desértico controlado por belos palácios e enormes fortes que se erguem sobre as suas planícies.
Em Jaipur não encontramos arranha-céus ou arquitectura colonial, mas sim formidáveis palácios e uma arquitectura de poucos pisos pintados com o rosa que domina as paredes.
Ler mais sobre a minha visita a Jaipur
Praias de Goa
Goa é um destino de praia por excelência. As suas praias de palmeiras e águas quentes convidam ao descanso. Goa é procurada por hippies e turistas dos quatro cantos do mundo que buscam as loucas festas na praia, fugir ao stress nos cursos de yoga ou simplesmente descansar e apanhar banhos de Sol.
Mesquita de Jama Masjid
Rodeada de vibrantes bazares da Velha Deli, esta é a principal mesquita da cidade e do país resultando de um mix de arquitectura indiana e centro-asiática, mandado edificar por Shah Jahan no século XVII, o mesmo que mandou fazer o Taj Mahal. Imperdível é a subida ao minarete de onde se obtém espectaculares vistas sobre a cidade de Deli.
Ler mais sobre este e outros locais a visitar em Deli
Locais Património da Humanidade na Índia
Creio que esta foi a viagem em que visitei mais locais classificados como património da Humanidade. Ao todo foram 10 em 15 dias! Na Índia, sendo um país com uma história riquíssima e um património natural que não fica atrás, não é de admirar que existam ao todo 32 locais classificados: 25 culturais e 7 naturais.
Igrejas e Conventos de Goa
Não há palavras para descrever a imensidão e a beleza do conjunto de igrejas e conventos de Velha Goa. Foi por isto que fui há Índia. O estado de Goa é o mais pequeno do país, com uma forte presença cristã, herança dos portugueses que lá estiveram até 1961. Goa é um popular destino para praia e festas loucas ao por do Sol, sendo o estado onde o consumo de álcool é mais liberalizado.
Ler mais sobre o património português em Goa.
Grutas de Elefanta
Não enjoa de barco? Ainda bem! Em Bombaim estão constantemente a partir barcos junto ao Portal da Índia para a ilha de Elefanta. O nome foi dado pelos portugueses por causa de uma enorme estátua de elefante que existia na ilha. Nela existe um complexo de templos hindus escavados no interior da montanha.
Estação Chhatrapati Shivaji (antiga Estação Victória)
Bem no centro da caótica cidade de Bombaim, a monumental estação ferroviária de Chhatrapati Shivaji, antes conhecida como Victória Terminus é um singular edifício colonial que mistura arquitectura gótica e indiana.
Forte Vermelho
O Forte Vermelho localizado na Velha Deli foi do século XVII até meados do século XIX a capital do império Mugol, que dominava então os territórios da actual Índia e países vizinhos. O forte sofreu bastante durante as guerras com os britânicos no século XIX tendo grande parte dos belos edifícios do seu interior sido vandalizados ou destruídos. O Forte Vermelho não é mais o “paraíso na Terra”, como era conhecido no seu apogeu.
Túmulo de Humaiun
Este fabuloso mausoléu é umas mais belos edifícios que podemos visitar na cidade de Deli. A pedra branca e vermelha cria um harmonioso conjunto arquitectónico rodeado de jardins verdes por onde correm canais de água. É inevitável a comparação com o Taj Mahal que em parte terá sido inspirado neste túmulo.
Complexo do minarete de Qutub
É inquestionável que somo mais impressionados pelos locais que visitamos quando deles sabemos pouco e não vimos muitas imagens. Foi o que me aconteceu com o minerete de Qutub, localizado nos arredores de Deli. Trata-se do mais alto minarete de tijolo do mundo, com quase 73 metros de altura! O minarete está rodeado das ruínas de mesquitas construídas com pedras esculpidas retiradas de templos hindus que existiam no local.
Venha conhecer os locais Património da Humanidade em Deli
Taj Mahal
O mais belo mausoléu do mundo, o ex-libris da Índia: o Taj Mahal. Mandado construir no século XVII pelo imperador Shah Jahan para a sua esposa que falecera no parto do seu filho. A simetria, o branco do mármore e os verdes jardins em redor conferem-lhe uma beleza ímpar que contrasta com o caos e a poluição da cidade de Agra que o envolve. Quando nos aproximamos descobrimos um outro nível na sua beleza: a caligrafia e os motivos geométricos e florais que subtilmente embutidos na pedra decoram as suas fachadas.
Forte de Agra
Em Agra não se fique pelo Taj Mahal. O forte de Agra, embora mais pequeno, é bem mais interessantes do que o Forte Vermelho de Deli e está num estado de conservação bastante melhor. Deixe-se impressionar pelos imponentes torreões e muralhas na entrada e pela beleza dos edifícios no seu interior, ricamente decorados com mármores esculpidos e embutidos com pedras coloridas.
Jantar Mantar
O Jantar Mantar de Jaipur é um dos vários conjuntos de gigantescos instrumentos astronómicos existentes na Índia, mandados construir no ínicio do século XVIII pelo marajá Jai Singh II. Este incluiu o maior relógio de Sol do mundo, com uma precisão de 2 segundos, e vários outros instrumentos que permitiam medir com grande precisão a posição dos corpos celestes.
Saber mais sobre o Jantar Mantar em Jaipur
Fortes nas colinas do Rajastão (Forte de Amber)
Este local UNESCO compreende seis majestosos fortes localizados nas encostas de colinas do estado do Rajastão. Destes visitei apenas um: o forte de Amber, que fica a aproximadamente 10km do centro da cidade de Jaipur.
Alojamento na Índia
Na Índia pode-se dormir barato, muito barato. Com 3 ou 4 Euros consegue-se um quarto na maioria das cidades (com excepção de Bombaim onde os preços são bem mais altos). É lógico que por estes valores não pode esperar muito. Eu só em Deli optei por ficar num destes hotéis, a 350 Rupias por noite (4,5€), bem no centro da acção, rodeado de bazares, confusão e vacas sagradas.
Nas restantes noites optei por ficar em hotéis um pouco melhores. Por 25€ ou 30€ por noite consegue-se ficar em excelentes hotéis que nos fazem sentir em casa, o que é reconfortante quando se viaja sozinho e na época de maior calor. Um bom descanso é fundamental para aproveitar bem o dia!
Foram estes os hotéis em que fiquei nesta viagem:
- Travellers Inn: Hotel em Bombaim
- Hospedaria Abrigo de Botelho: Hotel em Panjim, Goa
- New King: Hotel em Deli
- Hotel Alleviate: Hotel em Agra
- Humaid Mahal: Hotel em Jaipur
Como fazer o visto para a Índia
Os portugueses necessitam de visto para visitar a Índia e têm duas formas de o fazer: na embaixada em Lisboa, ou on-line se entrarem por um aeroporto principal.
E-tourist visa eTV
Este visto é tratado integralmente on-line no site Indian Visa Application e recolhido posteriormente no aeroporto. Só os visitantes de algumas nacionalidades o podem fazer. É valido para estadias até 30 dias, só uma entrada, e pode ser feito até 4 dias antes de chegada ao país. Este prazo de validade, só ser válido para uma entrada, a juntar ao tempo que tem de estar no aeroporto para o recolher, são as desvantagens deste método.
Visto na embaixada
Já por várias vezes cheguei a fronteiras sem visto e tirei outros ao longo da viagem, em países terceiros. Faço-o sem problema se viajar por terra e não correr o risco de ficar retido no aeroporto. Caso contrário prefiro levar as coisas tratadas com antecedência.Foi por isso que preferi tratar de tudo em Portugal.
O processo para obtenção do visto na embaixada começa da mesma forma que para o eTV: ir ao site Indian Visa Application e preencher um formulário.
Este formulário de dezenas de questões, inclui algumas algo caricatas, como a sua religião, marcas visíveis (sinais de nascença ou outros), se tem familiares paquistaneses, os dados dos seus pais e esposo/a, se for casado, lista de países onde esteve nos últimos 10 anos, que se forem muitos faz bloquear a aplicação e tem de começar tudo de novo!
Como de costume nisto dos vistos, não deixe nada em branco. Se não souber, invente, vá-se ver ao espelho à procura de sinais, seja criativo, mas inteligente. Concluído o preenchimento é gerado um formulário em PDF que tem de imprimir e levar à embaixada junto com o passaporte e duas fotos com 5x5cm (são maiores que as típicas fotos tipo passe).
Se não quiser ou não poder ir à embaixada, envie o passaporte pelo correio, em carta registada. No site da Embaixada da Índia em Lisboa tem toda a informação, desde morada a preços do visto e dos portes para eles devolverem o passaporte. Terá de enviar um vale de correio com o valor indicado.
No meu caso, pedi o visto para 1 mês, 1 entrada, paguei os 52€ + 2,5€ de portes, e o visto que me foi dado era válido por 6 meses para múltiplas entradas. Isto é importante se quiser visitar um país vizinho como o Nepal ou o Butão, e regressar à Índia. O processo demorou cerca de 1 semana, mas não deixe para a última! Se fizer tudo certinho vai correr bem.
Transportes na Índia
Quando se pensa em viajar de comboio na Índia há de imediato um transporte que se destaca: o comboio. O comboio é por excelência o meio de transporte para as deslocações dentro do país. Com o aparecimento e vulgarização das companhias aéreas de baixo custo, o avião é cada vez mais uma opção a considerar para as viagens maiores.
O grande problema dos comboios prende-se com as reservas, já que é complicado reservar viagens de comboio de fora da Índia e, os comboios lotam com bastante antecedência. Pelo menos é isto que se diz. Se não quer imprevistos, reserve as viagens maiores de avião, antes de partir. Se tem tempo e flexibilidade, deixe para reservar à chegada.
Eu viajei em época baixa e talvez por isso não tive grande dificuldade em reservar as viagens que quis quando cheguei ao país. Na verdade, a quantidade de viajantes estrangeiros é irrisória quando comparada com os indianos que viajam de comboio. A questão é que os indianos também viajam e, como comecei por referir nesta página, são muitos milhões! Nas cidades principais há balcões de reserva para estrangeiros. Em Deli, por exemplo, este está aberto 24h por dia e é muito fácil fazer a sua reserva.
Nas cidades, para além dos táxis, os “auto-riquexós” e os “ciclo-riquexós” estão por todo o lado e são a forma ideal para se deslocar. Negoceie sempre o preço antes de partir, por raramente eles usam o taxímetro. Nos aeroportos e estações de comboio há normalmente os táxis pré-pagos em que paga num guichet o valor para o seu destino e depois não tem de negociar nada. Normalmente fica mais barato e com menos problemas.
Saúde em viagem
Não deixe de ir à consulta do viajante antes de partir para a Índia. São várias as vacinas recomendadas para quem viaja para a Índia e variam conforme a zona que pretende visitar e o que vai fazer. Se for para Goa deverá fazer profiláxia da Malária. É ainda importante ir preparado com uma pequena farmácia, especialmente orientada para distúrbios alimentares, como vómitos e diarreias, que são bastante frequentes.