Bombaim
Bombaim é caótica, ruidosa, colorida, vibrante, sobre-lotada. É uma cidade indiana, mas diferente. Bombaim é também cosmopolita, bastante limpa e não exageradamente quente. Prefiro chama-la pelo seu antigo nome ao invés de Mumbai, como é hoje apelidada. Bombaim é daqueles nomes carregados de mística, que não pode de forma nenhuma ser apagada.
O terminal internacional do aeroporto Chhatrapati Shivaji em Bombaim é uma verdejante porta para a Índia. Os jardins verticais e horizontais do moderno terminal contrastam com a selva de betão que cresce desenfreadamente por toda a cidade. Aterro aqui cerca das duas da manhã depois de uma escala no Qatar onde aproveitei o dia anterior para visitar a cidade de Doha.
Como optei por tratar do meu visto para a Índia em Portugal, passo ao lado do balcão de recolha dos e-visa, preencho um pequeno impresso e sigo para a fila da emigração. O guarda, sem grandes conversas, carimba-me a entrada. Estou na Índia!
Passo o pouco que resta da noite num sofá do aeroporto e, de manhã, sigo de táxi para a cidade. O taxista pouco inglês fala. Não consegue ler ou perceber a morada do hotel onde quero que me leve. O trânsito parece saído do fundo dos infernos. Não há um carro que não esteja riscado e com a chapa amassada.
Pelo meio de bairros de lata e arranha-céus que parecem crescer como cogumelos, depois de uma hora de viagem chegamos próximo da estação Vitoria Termini. Sei que estamos perto. O taxista pede indicações a uns colegas e por fim deixa-me na rua do hotel.
Onde dormir em Bombaim
Fosse o meu orçamento para esta viagem um pouco mais folgado e não teria qualquer dúvida em escolher o meu hotel. Seria claro está o Taj Mahal Palace, um dos ícones da cidade.
Dormir em Bombaim não é barato. A especulação imobiliária a que a cidade está sujeita é enorme e o preço do metro quadrado dispara.
A minha escolha recai sobre o Traveller’s Inn Hotel. Por 1700 Rupias por noite, cerca de 23€ consigo um quarto bastante limpo, com WC só para mim, água quente e Wi.Fi. Como está localizado no bairro do Fort, consigo chegar a pé aos locais de interesse da cidade.
Os mais de 40º convidam a ligar a ventoinha, tirar a roupa colada ao corpo e tomar um duche. Aqui, ao contrário de casa, tenho de esperar que a água corra um pouco mais fria.
Explorar a cidade
Grande confusão na rua. Muitos carros, muitas buzinas, muita comida, muita cor, muita VIDA!. Os táxis são réis e senhores do asfalto e atravessar a estrada é uma aventura. Deambulo pela cidade, um pouco perdido. Passo pela primeira vez pela Oval Maiden, um parque com uns 700 metros de comprimento onde a toda a hora se joga críquete. Acabo na marginal virada para a baía a Oeste.
No que sobra da tarde bebo um energético sumo de cana de açúcar numa das muitas bancas que o espremem da cana ali nas ruas e chego por fim ao Portal da Índia.
O controlo de segurança à entrada relembra os vários ataques terroristas de que esta cidade foi palco nos últimos anos. Nas nossa costas encontra-se um dos principais alvos: o luxuoso hotel Taj Mahal Palace, que depois de várias explosões e incêndio, recuperou todo o seu esplendor.
O colossal Portal da Índia, numa mistura de estilos hindus e muçulmanos, foi construído no início do século XX para comemorar a visita do rei Jorge V e da rainha Maria a este território do império britânico. Em 1948 seria o cenário da saída das últimas tropas britânicas da Índia, após a independência. Talvez por esta razão persista como o principal símbolo da cidade.
Em seu redor encontram-se a qualquer hora do dia centenas de pessoas a tirar uma tão popular selfie ou uma fotografia com um dos muitos fotógrafos que oferecem os seus serviços.
Património da Humanidade em Bombaim
O meu segundo dia em Bombaim seria dedicado aos dois locais classificados como património da Humanidade pela UNESCO da cidade. Bem no centro da cidade, a estação de caminho de ferro de Victória e, numa ilha a umas 8 milhas do Portal da Índia, as grutas de Elefanta.
Estação Chhatrapati Shivaji – Victória Terminus
Ilha e grutas de Elefanta
O museu Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya (CSMVS) – antigo museu do Príncipe de Gales na Índia Ocidental
Viajar do Aeroporto para a cidade: táxi ou comboio
Táxi pré-pago
Uma facilidade muito conveniente que existe na maioria dos aeroportos e principais estações de comboio indianas são os táxis pré-pagos. Também aqui no aeroporto de Bombaim, assim que se sai da zona de recolha das malas, lá está o guichet dos táxis pré-pagos.
O funcionamento é simples: diz-se o destino, escolhe-se o tipo de táxi (com ou sem ar condicionado) e paga-se a tarifa justa. Pelo menos teoricamente. No bilhete vem indicado o número do táxi e o estacionamento onde este se encontra.
No meu caso, só com a minha pequena mochila, pago 614 Rupias até ao bairro do Forte, com as peripécias que já falei no início. De referir que a viagem durou cerca de uma hora e meia a percorrer os quase 20 quilómetros de ruas infestadas com o trânsito infernal das horas de ponta.
Táxi com taxímetro
No primeiro regresso ao aeroporto, num sábado de manhã, apanhei um táxi que milagrosamente ligou de imediato o taxímetro. Não havia trânsito nenhum e a viagem faz para aí em meia hora. O taxímetro que começou nas 22 Rupias terminou nas 360 Rupias. Muito menos que o pré-pago, mas também porque as estradas estavam vazias.
Comboio urbano
Para os mais aventureiros ou com orçamento mais apertado, a solução mais económica para chegar ao aeroporto é de comboio. No final meu último dia na Índia, fui para junto do Portal da Índia fazer tempo, descansar as pernas e observar as pessoas, antes de ir para o aeroporto.
Nisto meteu conversa comigo o Eugene Mendez, um homem de negócios que me garantiu que o seu apelido tinha origens portuguesas. Quando soube que eu de seguida ia para o aeroporto ofereceu-se para me acompanhar na viagem de comboio já que ele ia na mesma direcção.
Assim, apanhámos um autocarro urbano dali para a estação de Churchgate por 10 Rupias. Na estação comprámos uma bilhetes para ir até Andheri, a estação mais próxima do aeroporto, por mais 10 Rupias. As maiores dificuldades desta viagem prendem-se com o saber qual comboio apanhar, já que há duas linhas urbanas (A e B) e, com a lotação dos comboios. Estes, embora novos, circulam incrivelmente cheios, com as portas abertas. Para conseguir sair na estação correcta terá de se preparar uma ou duas estações antes para conseguir chegar à porta a tempo.
Depois da estação até ao aeroporto fui de auto rickshaw, que me cobrou 100 Rupias. Um preço demasiado alto para a distância que é… Ainda assim ficou por 120 Rupias, a contrário das mais de 600 que custa o táxi,
Comprar bilhetes de comboio em Bombaim
O comboio é o meio de transporte de excelência para viajar pela Índia. Por enquanto reservar bilhetes online fora do país é tarefa difícil já que é pedido um número de telefone indiano. Talvez por viajar numa época baixa não tive qualquer dificuldade em conseguir os meus bilhetes quando cheguei ao país. Sendo Bombaim a minha cidade de entrada e saída, no dia em que cheguei tratei logo de ir reservar o bilhete para a viagem de regresso no final da viagem, daí a duas semanas a partir da cidade de Jaipur, no Rajastão.
Para facilitar a vida aos turistas, nas principais cidades da Índia há balcões de reserva só para estrangeiros. Tanto aqui como em Deli o serviço funciona muito bem e o único problema será mesmo a possibilidade de não haver lugar. Quanto a isso, sugiro a leitura do site seat61, com imensa informação sobre viagens de comboio na Índia.
Em Bombaim o balcão de reservas fica junto à estação de Churchgate. Dou outro lado da rua fica o edifício seda da Weastern Railways onde, na ala mais a norte fica o balcão de reservas. O homem que está no atendimento dá-me um papel que preencho com os meus dados e os da viagem que pretendo reservar.
Não percebi bem se por falta de lugar se por falta de entendimento, já que o inglês dele era pior que o meu, acabo por obter um bilhete de classe sleeper em vez de 2ª classe AC. Hoje agradeço o erro, pela experiência que me proporcionou.
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