Datong – uma China rejuvenescida
Nesta página vai encontrar o diário da minha visita à cidade de Datong na China em Novembro de 2018. Fiquei lá um dia e meio para visitar não tanto a cidade mas também alguns locais bem interessantes nas proximidades.
O que visitar em Datong (e arredores)
Templo Budista de Huayan (ao fundo, na imagem) Muralhas reconstruídas em redor da cidade antiga de Datong com as suas imponente torres. Mural dos nove Dragões – fica no centro da cidade antiga em frente ao antigo palácio Mosteiro suspenso de Xuánkōng Sì – localizado a 65 quilómetros de Datong é um impressionante templo que desafia as leis da física Grutas budistas de Yungang são um local classificado como Património da Humanidade, a poucos quilómetros do centro de Datong Ruínas da Grande Muralha da China em Deshengbao, uma aldeia a norte de Datong onde se pode visitar o que resta duma secção da muralha diferente das habituais.
A minha viagem a Datong
Datong foi a segunda cidade que visitei na China. Cheguei lá de comboio, partindo de Pequim. À data (Novembro de 2018) a rede de alta velocidade ainda não chegava a Datong pelo que a viagem foi num comboio regular K.

Com partida às 11:07 da manhã, viajei numa carruagem com compartimentos de 4 camas, chegando a Datong pelas 17 horas. Seis horas de viagem para contemplar a paisagem de montanhas áridas, rios e terras de cultivo, partilhando o espaço com um casal idoso que falava apenas mandarim.
À saída da estação esperava encontrar o autocarro 27 ou o 35, que iriam em direcção ao centro, mas acabo por não conseguir e ir caminhando para lá. Como a estação é um pouco afastada do centro histórico percorro as ruas comerciais, relativamente tranquilas, enquanto vai anoitecendo. Embora não tenha caminhado nada o dia todo, as pernas ainda se queixam da caminhada na muralha da China no dia anterior.
Regresso ao passado em Datong
Fico de queixo caído com o que os meus olhos contemplam. Não fossem os néons e o trânsito infernal e ia julgar ter viajado no tempo. Uma megalómana obra de reconstrução levada a cabo pelo governo local nos últimos anos reergueu as imponentes muralhas da cidade. Dentro das muralhas são visíveis as obras de reconstrução dos palácios. Ao que parece a ideia é mesmo de reconstruir toda a cidade, numa linha arquitectónica tradicional, mas há muito trabalho pela frente e ao que parece o orçamento já está apertado.

A cidade acaba assim por ser um misto de novo e velho: há zonas totalmente reconstruídas, outras em obras, outras parcialmente demolidas e ocupadas por população mais pobre.
Depois de entrar, são ainda uma boas centenas de metros até ao hotel. A cidade é bastante escura para aquilo a que estamos habituados em Portugal. Com alguma dificuldade lá encontro o meu hotel.

Dormir como um rei a preço de saldo
Ao contrário de Pequim onde por uma cama decente num dormitório paguei cerca de vinte euros por noite, aqui, por 45€ por duas noites fico no melhor hotel desta viagem.
Ainda a cheirar a novo, o interior do hotel Pipa é todo em madeira e decorado de forma a relembrar a cada esquina que estou na China. No quarto tenho à minha espera uma fruteira cheia, que é reposta todos os dias, águas, chá e até uma tampa de sanita como não via desde o Japão.

Como não tem restaurante, saio apenas para um rápido jantar, também a um preço bem mais agradável que na capital: 25RMB pelo prato.
Pela manhã tomo o meu primeiro pequeno almoço chinês, já que os primeiros foram uns snacks comprados em lojas de conveniência. Embora haja pão, leite, café e cereais, a mesa é dominada por comida chinesa. Embora ao início possa não parecer tentador aos olhos de um ocidental, a verdade é que acaba por ser deliciosa e uma boa refeição para ajudar a aguentar o dia.

Ver mais informações sobre o Hotel Pipa em Datong
Até às grutas de Yungang
Saio do hotel preparado para as temperaturas abaixo de zero que se fazem sentir pela manhã. Cá fora, numa praça, são muitos os habitantes que praticam Tai Chi. A musica e os movimentos sincronizados transmitem uma calma que nem parece encaixar bem num país com mais de mil milhões de habitantes.

O autocarro 603, que vai para as grutas de Yungang só circula por fora da muralha. Para lá chegar tenho de fazer uns dois quilómetros a pé, para não apanhar um táxi.
Na paragem, bem sinalizada, espero apenas uns 10 minutos até que passe o autocarro. Por 3RMB chego em cerca de 20 minutos à imponente porta que dá entrada no complexo das grutas budistas de Yungang.

Este foi um dos locais que me fez incluir Datong no meu roteiro desta primeira viagem na China. Local classificado como Património da Humanidade, compreende um enorme conjunto de grutas e nichos espalhados ao longo da encostas. No seu interior podemo-nos deslumbrar com dezenas de milhares de estátuas budistas, que vão desde os poucos centímetros, aos quase 17 metros de altura.


Mosteiro suspenso de Xuánkōng Sì
Volto a Datong ao final da manhã. Decido não parar para almoçar, petiscando apenas alguma comida que trago comigo. Com a ajuda da fabulosa aplicação maps.me saio do autocarro onde me parece ser mais próximo do terminal rodoviário Sul e caminho até lá. Pretendo apanhar um autocarro para visitar o mosteiro suspenso de Xuánkōng Sì que fica a uns 65 quilómetros para Noroeste de Datong.
Como na viagem tenho uma longa paragem num outro terminal rodoviário no lado Este da cidade, a viagem acaba por demorar ao todo umas duas horas, a que se soma ainda 5 minutos de táxi para chegar junto do mosteiro.

O cenário é um pouco diferente daquilo que normalmente as fotografias deixam transparecer. O mosteiro sustende-se vertiginosamente na falésia, mas ao lado há o enorme paredão de uma barragem e uma estrada bem movimentada. Nada que nos dias de hoje convide à contemplação.
Mas subindo, a história já é outra. Este é conhecido muitas vezes, simplesmente como o “mosteiro suspenso” ou “Hanging Monastery“. Todo construído em madeira, agradeço por visita-lo em época baixa. Há pouca gente por aqui, mas ainda assim o som da madeira a ranger faz-se ouvir nas escadas e varandas.

Nas suas salas há altares com figuras budistas e cenários coloridos de uma beleza extraordinária. Saio daqui sem ter a certeza se me impressionou mais o detalhe do interior ou a imponência do exterior.
O mural dos 9 dragões
Regresso de autocarro com a esperança de ainda conseguir visitar um dos poucos locais que merece constar nos guias turísticos na cidade de Datong propriamente dita: o mural dos 9 dragões.
Com 45 metros de comprimento, este magnífico painel de cerâmica em baixo relevo servia de protecção ao palácio contra as forças malignas. Chego poucos minutos antes do espaço fechar. Com o Sol a acabar de se pôr por detrás dos arranha-céus, já é pouca a luz que o ilumina.

Preparar o dia seguinte: a muralha de Deshengbao
Ao longo do dia fui lendo que por aqui perto haveriam troços da Grande Muralha. Assim que regressei ao hotel fui pesquisar mais sobre isso. Quando planeei a viagem tinha reservado um dia e meio para Datong, para o caso de não conseguir ir às grutas e ao mosteiro no mesmo dia. Como consegui fiquei com meio dia extra na cidade.
O local que me pareceu mais interessante e de fácil acesso foi Deshengbao. Cinquenta quilómetros a norte de Datong, mesmo junto à fronteira com a província de Mongólia Interior, foi um importante entreposto comercial com os povos do norte. Adormeço a sonhar com o dia seguinte e o meu reencontro com a Grande Muralha.
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