Nara, a cidade dos gigantes
Nara é uma cidade pouco conhecida de quem nunca viajou ou planeou viajar para o Japão mas, para quem o faz, torna-se num ponto de passagem quase obrigatório.
Aquela que já foi uma das capitais do país, passa hoje quase despercebida, ensombrada pelas vizinhas metrópoles de Quioto e Osaka.
Quioto foi aliás a cidade onde me alojei por 3 dias e a partir da qual visitei Nara, tal é a proximidade e facilidade de transportes, conforme descreverei mais abaixo.
Um dia em Nara
À chegada a Nara, logo na estação de comboio, aproveitei para ir ao posto de turismo pedir algumas informações. Embora no Japão nem sempre seja fácil encontrar alguém que fale inglês, nos postos de turismo há sempre alguém fluente e muito prestável.
A senhora que me atende indica-me que apanhe o autocarro 2, logo ali à porta e suba até uma das entradas do parque. É o que faço. Depois, conforme recomendação dela subo até ao templo de Kasuga Taisha onde decorria durante a manhã uma cerimónia budista.
Quase todos os presentes vestem roupas tradicionais o que dá um colorido especial ao local. Há procissões, alguns rituais que não percebo e parte do templo está fechado aos forasteiros.
O parque de Nara, onde se localiza este e outros templos classificados como património da Humanidade, estende-se por uma vasta área a partir do centro da cidade e é habitado por mais de um milhar de cervos que coabitam livremente com quem o visita. Há aliás imensas bancas a venderem biscoitos para que as pessoas os possam alimentar.
Passo pela verdejante colina de Wakakusayama e subo ao templo de Nigatsu-dō, um excelente miradouro sobre a cidade. Há bastantes turistas ocidentais por aqui, preocupados essencialmente em contemplar a paisagem. Já os japoneses, sobem a escadaria para lançar umas moedas, queimar incenso e pedir a protecção dos deuses. Ao fundo consigo ver sobre a copa das árvores, o topo do telhado do grande Todaiji.
O templo de Todaiji
Todaiji é um superlativo de madeira e bonze. O gigante do parque de Nara. Dentro de um dos maiores edifícios em madeira existente, sentimo-nos minúsculos quando encaramos a maior estátua de Buda em bronze do Mundo.
O que mais me espanta neste local nem são as estátuas gigantes, as filas intermináveis de gente que espera que lhe escrevam a sua sorte, ou os que passam os seus corpos por um apertado buraco escavado num dos pilares do templo, como se o buraco de uma agulha se tratasse. O que me espanta é uma pequena maqueta que quase passa despercebida ao fundo do templo. Nela se retrata, à escala, a grandiosidade dos templos que aqui existiam e que foram destruídos por um terramoto.
O templo que hoje visitamos tem apenas dois terços do tamanho do original, construído no século VIII. Faltam ainda na paisagem os dois gigantes pagodes que o ladeavam, com mais de 100 metros de altura. O dobro dos maiores que podemos ver actualmente no Japão.
Para além de Kasuga Taisha e de Todaiji, passo ainda pelo templo de Kohfukuji e pelo de Gangoji, quatro dos seis templos inscritos na lista da UNESCO.
Próximo do templo de Gangoji, numa zona residencial um pouco labiríntica, descubro uma casa tradicional japonesa aberta para quem a quiser visitar. O chão de tatami, as portas de correr em papel, as cores pálidas e os jardins de musgo compõem o cenário. Fico fascinado com a funcionalidade que esta arquitectura parece oferecer.
Fico com alguma pena de não ter mais tempo para visitar Nara, especialmente o templo de Yakushiji, que pelas imagens que vejo parece ser merecedor de uma visita. Depois de um almoço tardio deixo Nara com uma sensação de pequenez que só uma terra de gigantes pode dar.
Visitar Nara a partir de Quioto
Nara visita-se facilmente a partir de Quioto e na minha opinião, o que há para ver não compensa passar lá uma noite. A cada 10 ou 15 minutos tem um comboio a sair. A viagem demora cerca de uma hora. Tenha atenção para entrar num comboio Rapid em vez de um Local já que este último pára em todas as estações. O preço é o mesmo: 710Yen (em 2016).
O pagamento, tanto dos comboios como do autocarro urbano em Nara, fi-lo com o cartão recarregável SUICA.
Próximo de Nara: os templos de Horyu-ji
Tomei a opção de abandonar Nara mais cedo para nesse dia ir até ao templos de Horyu-ji, que ficam a poucos quilómetros da cidade. Chega-se lá facilmente de comboio pela linha que segue para Osaka. Uma viagem que vale a pena!
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