Quinto: Imagens
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.”
Alberto Caeiro, in Guardador de Rebanhos
Uma das coisas que toda a gente pede quando saímos para uma viagem são fotografias! “Trás muitas fotografias!!”
Para quê? Pergunto eu… Dizem que uma imagem vale por mil palavras, mas uma coisa eu garanto, mil imagens não valem a experiência de ver, cheirar, saborear, ouvir, sentir, viver!
Sim, também é verdade que eu ainda à pouco tempo era inseparável da máquina fotográfica, mas consegui largar o vicio quando que me comecei a aperceber de que deixava de gozar plenamente os momentos, para muitas vezes tentar retratar sentimentos!
E o momento decisivo para a cura deste vício foi a travessia do rio Senegal. Provavelmente o momento mais “épico” da viagem. Ao contrario dos planos iniciais não entramos no Senegal pela barragem de Diama, mas sim por aquela que é o verdadeiro símbolo da entrada na África negra, a fronteira de Rosso.
A travessia faz-se numa jangada. Após a negociação do preço da travessia e das formalidades de fronteira sobe-se a bordo. E é aqui que o meu bichinho de fotógrafo deveria começa a funcionar! A paisagem era lindíssima, a temperatura alta, a agitação constante e o momento, épico! Mas não, não cheguei a tirar a máquina do carro; a magia daquele momento sobrepôs-se ao vicio.
A partir daí já não custou nada. A máquina passou a ficar no carro e só voltou a sair à chegada Guiné, uma vez para retratar a nossa entrada no País de Amilcar Cabral e outra para registar o ponto mais a Sul por nós atingido, a ponte do Saltinho.
Portanto, a partir de agora não vale a pena pedirem fotos, a máquina vai começar a ficar em casa. Se quiserem ver como foi, vão também e sintam como é. Lamento desiludir, mas eu não consigo fotografar sentimentos.
Recomendo também, para quem não poder ir já viajar, o documentário Sahara com Michael Palin. Verdadeiramente inspirador!
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Tu és o verdadeiro pioneiro!
Aquele que se aventura por mundos desconhecidos e que regressa para casa apenas com a memória de um local inesquecivel, único e singular; ao qual deseja retornar.
És um exemplo apra todos nós e, acima de tudo, és um provocador! Provocas em nós a vontade de também ir ao encontro desses lugares mágicos!
Espero estar contigo brevemente para te ouvir contar uma história africana!
Uma valente canhota amiga!