Trabalhos de Antoni Gaudi; Património UNESCO em Espanha
Antoni Gaudí, arquitecto catalão, é um dos símbolos da cidade de Barcelona, onde viveu e desenvolveu grande parte da sua obra ao serviço do mecenas Guell. Aparece como um arquitecto de novas concepções plásticas ligado ao modernismo catalão (a variante local da art nouveau).
Na sua arquitectura Gaudí vai buscar inspiração ao gótico e principalmente à Natureza. Dentro de alguns dos edifícios projectados por ele temos a sensação de estar dentro de um organismo vivo devido às formas e às cores e não numa construção de pedra e cal.
Gaudi foi um fervoroso nacionalista Catalão. Nos seus últimos anos devotou-se exclusivamente à religião católica e a construção da Sagrada Família, obra ainda não concluída. Gaudi nunca se casou. Morreu aos 72 anos de idade vitima de atropelamento por um eléctrico.
Decorre actualmente no Vaticano um processo de beatificação de Gaudi: “Gaudí era um grande cristão. Tinha uma espiritualidade franciscana, de amor e contemplação das belezas da natureza, imagens da beleza do Criador.”
Mapa dos trabalhos de Antoni Gaudí em Barcelona
Ver gaudi barcelona num mapa maior
À descoberta das obras de Gaudí
A minha primeira viagem à Catalunha, em Fevereiro de 2009, foi essencialmente motivada pela obra de Gaudí. Aproveitei no primeiro dia para conhecer o mosteiro de Monteserrat, numa montanha próximo da cidade e, na manhã seguinte fui com a couchsurfer que me hospedou visitar o delta do Llobregat.
Passando depois pelo aeroporto, para ver duas obras, de Miró e de Botero, deixou-me na praça de Espanha. Primeira desilusão: estava a ser preparada feira de comunicações de Barcelona, e aquilo andava numa azáfama incrível; um autêntico estaleiro de obras.
Casa Vicens
Era hora de começar então com as obras de Gaudi. Apanhei o metro até perto da casa Vicens, uma das primeiras obras do arquitecto, e depois caminhei até ao Park Guell. Sendo uma casa particular, que por acaso até se encontrava à venda, não é possível visitar o interior. Resta portanto contempla-la por fora, como fazem alguns (poucos) turistas que se dão ao trabalho de a encontrar.
Parque Güell
Um pouco desorientado com o mapa na mão lá cheguei ao Parque Guell. A começar nas casitas da entrada, terminando nos bancos ondulados do miradouro, está-se num verdadeiro conto de fadas! A melhorar o ambiente, encontram-se ainda em alguns locais no parque músicos e artistas que animam o local.
De referir que a entrada no parque era absolutamente gratuita o que o tornava num local muito popular mesmo entre as pessoas da cidade. Hoje a entrada é paga.
Entretanto com o anoitecer, fui até à Sagrada Família e depois pelo Passeio da Gracia, para dar uma olhada nocturna às obras mais emblemáticas, a casa Milá e a Batló.
O dia terminou em Badalona, uma povoação nos subúrbios da cidade, conhecida pela sua praia (as temperaturas não convidavam nada a uma ida ao banho) a cozinhar e comer algumas iguarias locais e a falar de viagens com a couchsurfer que me recebeu.
Fachada da Natividade e Cripta da Sagrada Família
O segundo dia da minha viagem foi, como não podia deixar de ser, dedicado essencialmente à obra de Gaudi. Comecei pela mais maravilhosa de todas, e ainda inacabada: o templo expiatório da Sagrada Família. Lembro-me de que quando via as primeiras fotos deste templo, teria uns 10 anos, fiquei com a ideia de que eram umas ruínas. Agora finalmente ia saber a verdadeira história.
A sua construção foi iniciada em 1882, e um ano depois Gaudi assumiu a direcção da obra na qual trabalhou exclusivamente até à sua morte 15 anos depois. Penso que é algo que todos deviam visitar uma vez na vida enquanto estão a decorrer as obras, pela possibilidade de ver como se constrói um grande templo. O melhor de tudo é que é possível subir às torres (mas só de elevador, actualmente é proibido subir pelas escadas, por questões de segurança dizem eles), e depois passar dumas para as outras e descer pelas vertiginosas escadas em caracol.
A vista lá de cima é divinal, e é possível observar de perto as obras que decorrem, estando a ser construída a base para a torre dedicada a Jesus Cristo e que será a maior de todas com 170m. Todos os pináculos são coroados com esculturas muito orgânicas e coloridas. Não conhecia bem a obra de Gaudi, mas depois disto fiquei fã.
Actualmente a obra está a ser executada em pedra artificial, e dentro das naves podem ver-se os escultores a trabalhar. Há ainda um museu muito interessante na cave, com maquetas, fotos antigas, planos, etc, que contam a história da construção do templo.
Casa Milá
Comecei pela casa Milá. Esta foi construída para uma rica família da época, e está hoje transformada num museu. Uma parte exibe uma exposição temporária de pintura, gratuita. O resto apresenta informações detalhadas sobre as obras de Gaudi, sendo o restante edifício decorado com mobiliário da época.
Toda a visita é acompanhada por um áudio-guia (muito bom), em português, e que está incluído nos 5,5€(preço estudante) da entrada.
A visita inicia-se pelo sótão e terraço. Neste primeiro são apresentadas maquetas e explicações detalhadas desta e outras obras do arquitecto. Ao andar-se neste sótão tem-se a sensação de estar dentro do esqueleto dum monstro marinho, pelas formas arqueadas da estrutura.
Lá fora no terraço, são as chaminés em forma de guerreiro que dominam! Dá para ver ao longe a Sagrada Família, a moderna torre Agbar e os restantes telhados de Barcelona.
Ao reentrar na casa, viaje-se até ao inicio do século XX. Toda a casa está decorada com mobiliário e objectos, que embora não sejam os originais daquela casa são todos autênticos da época. Embora só esteja aberto ao público um dos pisos, neste não há barreiras que separem os visitantes da decoração ou impeçam de entrar em divisões. É tudo natural, dando a ideia de que a casa ainda está habitada. A saída faz-se por um porta muito “orgânica”.
Casa Batlló
Um conceito de museu um pouco diferente é apresentado uns números mais abaixo, na mesma rua. A casa Batló vale por si, e não precisa de mobílias nem quadros para justificar os 16€ que são cobrados pela entrada. Logo por fora consegue-se ter uma ideia do sonho que esta casa é por dentro.
Não há linhas rectas, tudo é graciosamente curvo, orgânico e colorido. Um sonho imaginar como será a vida aqui, e sim, há quem viva lá. Apenas alguns pisos são visitáveis, e é mesmo possível ver roupa a secar nas varandas das traseiras, e funciona lá também um gabinete de arquitectura.
Uma das partes onde se concentra mais beleza é sem duvida o terraço, com as suas belas chaminés coloridas. Para chegar a esse terraço passa-se pelo sótão onde se sente o intenso cheiro (artificial claro) a sabão, a recordar que era ali que funcionava a lavandaria da casa.
Findo isto, desci novamente as Ramblas a ver os homens estátua, os pintores e outros artistas, até chegar ao miradouro de Colon. Já quase ao anoitecer penetrei no bairro Gótico donde visitei pouco mais que a catedral. Que por azar até estava em obras.
Palacio Güell
Quando no final de 2014 voltei a Barcelona aproveitei para visitar o Palácio Guell, agora com as obras de restauro finalizadas.
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