Viajar a pé pela costa portuguesa, da Nazaré à Foz do Arelho, Agosto de 2007
Este verão, sem tempo nem dinheiro para grandes viagens decidi fazer algo diferente, conhecer um pouco mais do nosso Portugal, mais especificamente a costa entre a Nazaré e Peniche, a pé!
Já tinha pensado na aventura à um tempo, mas entretanto tinha ficado tudo em “águas de bacalhau”, até que no dia 23 de Agosto (quinta-feira) surgiu a oportunidade de a fazer no dia seguinte e fim de semana. Foi portanto tudo em cima do joelho: comprar comida para dois dias, meter tudo na mochila (incluído a tenda pois davam, chuva e trovoada para o Sábado), saber o horário do autocarro para a Nazaré e avisar a família, que estava de férias em Peniche para se prepararem para a minha chegada.
Apanhei o primeiro autocarro para a Nazaré, em S. Jorge, mesmo ao pé de casa, às 07h48, 18 minutos atrasado. 2,88€ para chegar à Nazaré pelas 09h00, passando por Alcobaça.
Não perdi tempo com a Nazaré. Saí do autocarro, peguei a mochila e pus-me a andar, para o porto de abrigo, seguindo depois em direcção à praia do Salgado. Depois do porto de abrigo comecei a encontrar uma placas que indicavam “Capela de S. Gião“, no mesmo sentido para que eu me dirigia. Fiquei surpreendido, não por desconhecer a existência duma capela, mas por esta estar tão bem sinalizada; as placas de estilo citadino estavam colocadas ali, num caminho de terra batida, algumas literalmente no meio das dunas. Dois quilómetros depois encontrei a resposta para este enigma.
A capela, classificada com visigótica, encontra-se ali junto ao mar, no meio duma quinta, mas com uma particularidade: está toda coberta, como que dentro de uma caixa de zinco que a protege das intempéries, tanto que passa mesmo despercebida. No momento em que lá passei o “caixote” estava fechado.
A partir daqui segui sempre pelo areal até à praia do Salgado, com o mar à direita e a serra de Mangues à esquerda. Com a aproximação ao “centro” da praia, mas um pouco afastados dos olhares, encontram-se alguns nudistas. A praia é conhecida por isso… não vou comentar.
Areal da Praia do Salgado, com Nazaré ao fundo (foto de alan1)
No fim da praia, primeira grande subida. Começam-se a sentir os quilitos a mais da mochila! Para além disso o calor do meio dia também não ajuda muito. Os quilometros até São Martinho do Porto fazem-se por cima das falésias, em parte (ou totalmente, se tiver o mapa) acompanhando um percurso pedestre marcado que começa logo ao cimo da subida, à direita. Pelo caminho, uma assustadora passagem junto a falésias que estão para ruir, em que há fendas de 5 metros de largura, e muitos de profundidade mesmo ao nosso lado! Deve ser bonito ver aquilo cair. Pena não ter data marcada…
Quando cheguei a São Martinho do Porto era já hora de almoço. Antes de descer parei numa capela para descansar mais um pouco e contemplar a beleza da baía. Achei interessante o poema que da parte de fora estava escrito num azulejo:
Almocei junto à marina. Estava um vento infernal; desisti rapidamente da ideia de ir refrescar ao mar. Até estar no areal era doloroso com a areia a bater no corpo.
Contornei a baía de S. Martinho até Salir do Porto pelo passeio de madeira entre as dunas e o areal, o que facilita bastante a caminhada quando comparado com a areia.
Não perdi muito tempo em Salir do Porto (a praia também nunca foi o meu forte…). Subi para a Serra do Bouro. Já previa que fosse um troço difícil, mas para além disso mostrou-se desinteressante. Na tentativa de andar o mais junto ao mar possível acabei por andar a subir e descer a serra acabando por vir ter quase ao mesmo sitio. Por fim desisti e segui pela estrada. Cheguei à Foz do Arelho eram 18:45.
Tinha esperança que com a maré baixa consegui-se passar a foz, mas pelo que me pareceu ao longe, com mochila seria um pouco difícil, uma vez que a maré não tinha descido assim tanto. Fui a um quiosque perguntar se haveria algum serviço de barcos para passar para o outro lado. A resposta foi não! No máximo poderia procurar no porto. O ultimo autocarro para sair da foz do Arelho era daí a 5 minutos, com destino às Caldas da Rainha.
Decido não ir procurar barco, mas sim apanhar o autocarro. Na verdade estava um pouco frustrado depois do troço na serra do Bouro.
O autocarro ia só até às Caldas motorista informou-me que com sorte talvês ainda lá conseguisse apanhar um outro para Peniche. E apanhei, ainda não sei bem como… Cruzámos-nos com ele e o motorista lé fez sinal ao outro para parar e fiz a troca!
Cheguei a Peniche ao anoitecer, com uma mochila super-carregada de mantimentos para três dias…
Se fosse hoje tinha feito algo diferente. Tinha apanhado logo autocarro em S. Martinho para Óbidos, fazia uma visita à maravilha durante a tarde, e depois seguia para Peniche. Bom, fica para a próxima!
Não levei máquina fotográfica.