30-12-2006 Bissau > Dakar

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Dia 30 de madrugada chegou a hora de iniciar a viagem de regresso. Às 5:00 da manhã dirigimos-nos à “Paragem” em Bissau, o local de onde partem os 7 Place para todos os cantos de África (apanhando as respectivas ligações). Á nossa espera já estava o motorista. Já tínhamos falado com ele no dia anterior.

Ou antes, o Mário, nosso amigo da Guiné, foi lá negociar o preço.
“-É melhor esperarem aqui no carro enquanto eu lá vou falar com eles. Se eles vêm brancos o preço aumenta logo!” disse ele.

E assim foi, 40.000 CFA (60€) por uma viagem de aproximadamente 140Km para 3 pessoas até Ziguinchor no Senegal onde depois teríamos de negociar um outro para nos levar até Dakar. O preço era para os lugares todos (7), sendo que o preço normal é de aproximadamente 6000CFA (9€) por pessoa.

Antes de partirmos, as ultimas verificações técnicas aos “cavalos” e, penso que por superstição uma bênção com água aos pneus.

Ainda de noite, fomos o primeiro veículo a chegar a S. Vicente, onde teríamos de apanhar uma jangada para atravessar o rio Cacheu. Esperamos até que amanhece-se.

 

Zona de espera pela jangada (foto de MRP)

Ali à volta vivi-se um ambiente absolutamente mágico. Numas cabanas ali ao lado estavam umas fogueiras com um enormes caldeirões que coziam qualquer coisa. Aproximei-me para ver o que era e aproveitar um pouco do calor da fogueira, que aquela hora, mesmo em África é bastante agradável. Três enormes caldeirões coziam ostras. Em seu redor dormiam as mulheres que por turnos ficam toda a noite a tomar conta do cozinhado, enquanto outras vão tomando conta das fogueiras. Por entre o fumo e o vapor do marisco começa a clarear o dia. Passageiros de outros transportes que vão chegando aproximam-se também, e olham-me com cara de espanto. (Um branco aqui!?!)

Entretanto já está suficientemente claro para começar a carregar a jangada. Atravessamos o rio com Sol a nascer sobre ele.

 

Ferry a cruzar o rio Cacheu (foto de xflo:w)

Ao chegar à outra margem, uma carrinha que estava ao nosso lado não espera pela sua vez e arranca assim que encostamos em terra, arrancando o espelho retrovisor no nosso Peugeot. O motorista fica furioso e inicia uma presseguição que termina poucos metros à frente. Após umas palavras mais “animadas”, parecem chegar a um acordo e seguimos viagem. Agora que já é de dia posso observar com mais detalhe a máquina em que nos deslocamos….

À semelhança de todos os transportes públicos em que usei em África o velocímetro não funciona, e neste, o conta quilómetros parou nos duzentos e poucos mil. Dois outros pormenores fazem-me lembrar o “Anti-Cristo” de “Os deuses devem estar loucos”: o travão de mão não funciona e as portas só abrem por fora; para sair abre-se a janela e procura-se o manipulo exterior.

Um pouco mais à frente paramos para carregar uns sacos de carvão. Quando vamos para arrancar o motor não pega. Calmamente o motorista pega numa chave, abre o capo, e com uma pancada mágica nos “cavalos” a máquina pega.

Vinte quilómetros depois de S. Vicente chegamos a Ingoré. Aqui um STOP indica paragem obrigatória. Não é um cruzamento. É o posto fronteiriço. São-nos carimbados os passaportes com a saída da Guiné-Bissau e seguimos viagem para S. Domingos. Ao chegar aí, uma nova paragem. O oficial regista num caderno os nosso dados e verifica o carimbo do passaporte. Em nenhum dos postos foi necessário pagar nada.

Alguns metros à frente estamos a entrar no Senegal. Nova paragem ( 12°27’15.60″N;16°13’46.59″W) e lá vou com todos os passaportes carimbar a entrada. Também aqui não se paga nada.

É esta a grande vantagem de viajar de transportes públicos em África. Temos o tempo todo para apreciar a paisagem e conviver com as pessoas (se não viajarmos sozinhos, como foi o caso, mas eramos 3 e ganha a maioria…). Quando se chega às fronteiras o transporte pára indica-nos onde nos devemos dirigir e ainda vai dar uma ajuda, porque eles estão sempre com pressa!

 

Praia de Casamança (foto de Wooz)

Alguns quilómetros depois estamos a chegar a Ziguinchor, a capital da província de Casamança, conhecida não só pelas suas praias paradísicas mas também pelo conflito independentista que ali se desenrola há alguns anos.

Não nos surpreende portanto que a cada quilómetro árvores deitadas no chão obriguem os carros a parar para controlos militares em que os os soldados acompanhados pela sua metralhadora nos estão sempre a pedir os passaportes.

Em Ziguinchor temos de trocar de viatura. Dado o nosso fraco francês pedimos ajuda ao motorista que nos trás de Bissau. Éra notória a falta de transportes devido ao Tabaski. Estivemos perto de uma hora a negociar epor fim lá chegamos a acordo: 60.000 CFA (aprox 90€) pelos lugares todos. O preço de cada lugar é de 7500CFA. Ficou portanto um pouco mais caro… mas somos brancos! Oferecemos um cartão de telemovel da Guiné ainda com alguns CFA ao nosso ex-motorista em agradecimento pela sua ajuda.

Depois de ele se ir embora, mais problemas. Agora, o novo motorista já queria levar também os amigos… Lá acabámos por levar apenas mais uma passageira, que no fundo não incomodou nada.

CONTINUA…

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