Gorgora e igreja de Debre Sina, Lago Tana, Etiópia
Não são muitos os turistas em viagem pela Etiópia que gastam algum do seu tempo para ir até Gorgora. Das duas uma: ou têm mesmo muito tempo e querem conhecer o país a fundo, ou buscam algo em concreto aqui, seja o Lago Tana, algumas das igrejas em seu redor e nas ilhas ou, as ruínas do palácio de Suzeniôs.
Eu fui pelo último, mais precisamente as ruínas da catedral de Gorgora Nova construída pelos portugueses junto ao palácio de Suzeniôs.
Dada a dificuldade generalizada de transporte na Etiópia, vir até aqui obrigou-me a gastar dois dias de viagem. Gorgora fica a uns 60 quilómetros da cidade de Gondar, mas só há dois autocarros por dia, de manhã bem cedo. Assim, acabei por ficar por aqui dois dias e duas noites.
Gorgora teria sido o local ideal para terminar a minha viagem à Etiópia, já que é uma pequena aldeia, super tranquila e com possibilidade de alojamento decente com boas vistas para o lago Tana, o maior do país.
Assim, apanhei o primeiro autocarro de Gondar para Gorgora, às 5h30 da manhã. Quando cheguei à estação de autocarros de Gondar esta ainda estava fechada, mas já se juntava muita gente aos seus portões. À hora certa estes abriram e a multidão invadiu o espaço.
Foi fácil encontrar o autocarro para o meu destino, que demorou depois meia hora a sair enquanto esperava por mais passageiros. À semelhança de outras situações fiquei sem saber ao certo o valor “normal” da viagem. Eu paguei 100Birr, mas penso que preço normal não passará dos 50Birr. Entretanto irei escrever sobre este problema da Etiópia.
A viagem dura cerca de 2h, por uma estrada que ainda é pouco mais que um projecto. Depois dos primeiros quilómetros de asfalto entramos numa zona de britas e tout-ventant onde somos constantemente obrigados a desviar-nos de uma ponte ou um muro em construção. A situação agrava-se nos últimos 10 quilómetros.
Sair do autocarro é já uma aventura, pois os passageiros que o querem apanhar na viagem de regresso já se acotovelam à porta.
Igreja de Debre Sina
Logo que se sai do autocarro há duas grande placas:uma que indica o alojamento “Tim & Kim”, que falo mais abaixo, a outra, que indica a igreja de Debre Sina. Depois de garantir um tecto para passar a noite, saio em direcção à igreja. Prevejo que valha bem a pena a visita, já que um monumento com uma placa a indicar a sua localização na Etiópia é coisa rara. No entanto o meu objectivo principal é outro: que alguém se meta comigo a oferecer-se para guia, para me levar às ruínas da catedral portuguesa.
Depois de passar o porto, onde atracam os barcos que atravessam o lago Tana, sigo mais uma placa e chego à igreja. Sou recebido por um rapaz que estava na conversa com outros mais velhos à sombra de uma árvore. A igreja encontra-se num recinto fechado, com algumas casas, que suponho serem de clérigos que ali vivem, algo que vejo acontecer noutros locais neste país.
A igreja é grande, de forma circular e coberta por um telhado de colmo. Em toda a volta tem um alpendre e depois uma primeira parede barro. Esperamos calmamente pelo guarda que tem a chave e os bilhetes. O rapaz que me recebeu, num inglês atabalhoado lá vai explicando a história da igreja. O preço da entrada é de 100Birr.
As enormes portas de madeira tosca não deixam antever a obra prima que se esconde no seu interior. O telhado é suportado por enormes pilares de madeira e no centro há um outro corpo, de acesso restrito aos padres, todo ele revestido com belíssimos frescos.
Começo aqui a conhecer as personagens que me iram acompanhar em cada visita a uma igreja na Etiópia: São Jorge a matar o dragão, a virgem com o menino, os nove santos…
Ao contrário do que aconteceria numa igreja europeia e não só, aqui as fotografias são bem vindas e mesmo os rapazes que fazem a visita guiada, sempre cobertos com uma túnica branca, rapidamente acedem ao pedido de posarem para a fotografia no interior da igreja.
Aproveito também aqui para perguntar pela catedral portuguesa, mas ninguém parece ter conhecimento dos vestígios lusos nesta terra.
Já a desesperar, acabaria por encontrar alguém que me levasse lá já a meio da tarde. Contarei isso na página sobre as Ruínas de Gorgora Nova
Alojamento: Tim & Kim Village
Logo que cheguei a Gorgora deparei-me com a placa que indicava o Tim & Kim. Embora soube-se à partida que não era dos alojamentos mais baratos, decidi ir para lá, o que se revelou uma boa opção.
Embora um pouco caro para o padrão etíope, este local oferece casas individuais, com WC, quarto e um pequeno terraço com cadeirões e vista para o lago Tana, assim como água quente e energia eléctrica, ambas solares.
O preço que paguei por noite foi de 700 Birr (cerca de 30€ ao câmbio da altura). Existe ainda um espaço com todas as condições para acampar.
No edifício central funciona um bar/restaurante aberto das 7h00 às 18h00. O jantar é confeccionado a pedido (normalmente uma ementa única, a não ser que algum hóspede tenha algum tipo de restrição alimentar) e todos jantam na mesma mesa.
Os preços praticados são os seguintes:
- Jantar: 125 Birr;
- Peq. Almoço/café da manhã: 50 Birr;
- Água de 1,8l: 20 Birr;
- Água de 1l: 15 Birr;
- Cerveja 33cl: 25 Birr.
Ver mais fotos do Tim & Kim Village
Mapa de Gorgora e Lago Tana
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