4 Setembro 2009

Le Puy-en-Velay

Ontem avancei mais no terreno do que estava previsto, por isso hoje, arranco um cartaz duma montra e escrevo nas costas “Le Puy”. São 7 da manhã e já estou na estrada. No primeiro local onde paro rapidamente começa a dar o Sol por trás que encadeia os condutores e por isso caminho um pouco mais para fora da cidade. Aí rapidamente pára um senhor que me leva por alguns quilómetros, deixando-me num vale no meio das montanhas, com o nevoeiro matinal a pairar sobre os pastos.

Apenas há uma casa ali ao lado e passam poucos carros, mas isso incomoda-me pouco pois o local é acolhedor. Esperei quase meia hora até que parasse um jovem que me levou por mais uns quilómetros até junto de um cruzamento. Embora esteja numa estrada principal, esta é uma zona muito rural do país, e por isso pouco movimentada. Espero novamente meia hora até que pára uma senhora que vai para Le Puy. Ao inicio acho estranho ela parar, pois vem sozinha com o seu filho na cadeirinha do banco de trás, e a experiência começa-me a dizer que as pessoas que vêm com filhos novos não param. ou têm medo, ou não querem que os filhos comecem a pensar seguir esta vida 🙂 Pelo caminho vejo os meus primeiros “colegas”. Um casal com estilo muito hippy que acaba de apanhar boleia também em direcção a Le Puy.

Esta senhora vem a revelar-se muito simpática e dá mesmo umas voltas pela cidade para me levar ao ponto central: a capela de St. Michele. Le Puy é um dos mais importantes pontos de passagem do caminho de Santiago por França, sendo ainda hoje escolhidos por muitos peregrinos para iniciarem o seu caminho. A capela de St. Michele encontra-se no topo dum pico de rocha vulcânica e para lá chegar é preciso pagar os 2,5€ e subir uns quantos degraus. Pela escadaria ultrapasso uns quantos visitantes em menor forma física que bufam por todo o lado para lé chegar. Lembro inevitavelmente os mosteiros de Meteora, também eles construídos no topo de picos rochosos com o objectivo de estar mais próximo de Deus. E aqui consegue-se sentir essa proximidade, ou pelo menos um afastamento da Terra.  Numa pequena exposição na base do monte apercebo-me da relação entre este St Michele, e outros, também eles construídos no topo de montanhas, como a famosa ilha de St Michele na Normandia, um dos locais que mais gostava de visitar em França, mas que ainda não vai ser desta vez.

Visito a catedral, onde está a decorrer missa, e que não me consegue impressionar tanto como a máquina de fazer croché, de 1920 que se encontra a trabalhar numa loja ali perto. À saída da cidade vejo ainda uma igreja românica e antiga ponte medieval. O calor, cansaço, e falta de espírito de peregrino não me permitem apreciar tanto esta cidade como seria de esperar.