Metro de Pyongyang, o fascinante mundo subterrâneo da Coreia do Norte
Cem metros abaixo da superfície da capital da Coreia do Norte encontramos a rede de metropolitano mais profunda do Mundo: o metro de Pyongyang. Algumas das estações são autênticos palácios subterrâneos, iluminadas por esplendorosos lustres e decoradas com coloridos murais de mosaicos alusivos ao que podemos encontrar à superfície, à história do país e aos seus líderes.
Há carruagens modernas que transportam os passageiros entre as estações mas, as clássicas carruagens pintadas de vermelho e verde pálido conseguem mais: levam-nos numa viagem no tempo aos anos 50 e 60 em que foram construídas.
Uma das razões que levou a optar por este roteiro na viagem à Coreia do Norte foi precisamente a possibilidade de percorrer a totalidade das duas linhas do metropolitano desta cidade. Não que goste particularmente de metropolitanos, das paisagem negras que passam nas suas janelas ou da ausência de sorrisos nos seus passageiros. Mas este, era a promessa de um contacto mais próximo com as pessoas, com a agitação da cidade, com os placards dos jornais, com a beleza das estações.
Linha Chollima
Estações visitadas (por ordem): Puhung > Yonggwang > Ponghwa > Pulgunbyol > Kaeson
Às 8:50 começamos a exploração do metropolitano de Pyongyang. A descida faz-se sem pressas: aqui não se pode caminhar nas escadas rolantes, pelo que todos os passageiros aguardam serenamente que os degraus caminhem até lá baixo.
Num minuto e meio, as escadas rolantes de um só lanço levam-nos até uma das estações mais bonitas da cidade: a estação de Puhung, no extremo sul da linha Chollima. Começa aqui a viagem pelo metro de Pyongyang.
Os coloridos candeeiros iluminam a plataforma onde ao fundo o presidente Kim-Il-Sung desce sorridente acompanhado de trabalhadores de várias profissões. Nas paredes os murais mostram o povo que com o esforço do seu trabalho caminha para o desenvolvimento da nação.
Apanhamos um comboio para a estação seguinte, a de Yŏnggwang. Esta, talvez ainda mais monumental, tem a sua abóbada suportada por colunas de pedra e iluminada por candeeiros floridos. No seu seguimento, os murais das paredes mostram cenas primaveris da cidade de Pyongyang.
Até 2010 os turistas apenas podiam viajar entre as estações de Puhung e Yŏnggwang. Felizmente agora pode-se viajar por toda a rede, embora não se possa sair em todas as estações. Daqui seguimos para a terceira estação da linha Chollima: Ponghwa. Aqui perde-se a monumentalidade das anteriores: o tecto é baixo como na generalidade das estações de metro pelo mundo fora. As paredes são revestidas a mármore escuro e no topo da plataforma encontramos um mural em tons dourados e vermelhos alusivo ao Partido dos Trabalhadores da Coreia.
Desta, seguimos directamente para a última estação da linha, Pulgunbyol, sem sairmos em nenhuma das outras. Curiosamente, a estação em que as linhas se cruzam não está aberta a estrangeiros. Aqui o mural de mosaicos e dedicado à politica Songun, que coloca a defesa como primeira prioridade do estado.
Para terminar, apanhamos um comboio do modelo mais recente a circular no metro de Pyongyang, para voltar atrás até à estação de Kaeson. Recentemente restaurada, esta estação é dominada por uma estátua de meio corpo do presidente Kim-Il-Sung que recebe os passageiros. Nas laterais, os murais de mosaico representam as celebrações da vitória sobre o Japão em 1945.
Daqui voltamos à superfície para observar o Arco do Triunfo e o estádio Kim-Il-Sung. A ligação à linha Hyonksin é feita de autocarro.
Linha Hyonksin
Estações visitadas (por ordem): Kwangbok > Samhung > Hyoksin > Konsol > Hwanggumbol
Saímos da chuva para mais um minuto e meio de descida em escadas rolantes. Na plataforma da estação de Kwangbok parece que faltou a luz. Na escuridão apenas se destaca a estátua dourada do eterno presidente Kim-Il-Sung.
A viagem segue para a estação de Samhung. A lembrar a sua proximidade com a universidade Kim-Il-Sung, os seus pilares são decorados com mosaicos alusivos a várias áreas do estudo, encimados por uma grande mural em que o presidente ostentando um lenço vermelho de pioneiro, guia os estudantes, professores e cientistas.
Nota-se ao longo desta viagem pelo metro um especial stress nas nossas guias. Não é fácil garantir que dos 15 estrangeiros indisciplinados nenhum fica para trás quando apanhamos o comboio para a estação seguinte, neste caso, Hyoksin.
Aqui o mural é alusivo aos trabalhadores do aço, que recebem indicações do omnisciente presidente. Do meio da multidão que sobe e desce as escadas irrompe um rapaz com o seu uniforme e uma maça na mão que corre para os painéis dos jornais. Está vidrado nas notícias. Este é um comportamento generalizados, entre novos e velhos, e uma verdadeira imagem de marca do metro de Pyongyang. Na ausência de publicidade, livros ou telemóveis, aproveitam o o tempo de espera pelos comboios para lerem as notícias.
Konsoi, a estação seguinte é diferente das anteriores: em vez de uma plataforma central, tem uma para cada sentido. Ao topo da escada que as une, um mural apresenta Kim-Il-Sung a dar orientações para a reconstrução da capital após a assinatura do armistício de 1953. Nas laterais, por entre as ruínas, os trabalhadores derramam sangue, suor e lágrimas nesta colossal tarefa.
A viagem termina for fim em Hwanggumbol. A decoração da estação celebra a produção agrícola essencial para a auto-suficiência do estado. No mural principal podemos observar o sorridente presidente junto de dois camponeses no centro de uma ceara de arroz, paisagem típica norte-coreana. Às 12:05 estamos de volta à superfície.
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11 Comentários
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Coreia do Norte é um destino pouco provável da maioria dos turistas, mas foi importante de saber sobre o transporte metropolitano com suas lindas estações. Comecei a animar por um roteiro a este país proibido!
Tenho muita vontade de conhecer a Coreia do Norte. As fotos fazem a gente viajar no tempo. Adorei fotos nas galerias do Metro de Pyongyang
Fiquei apaixonada pelas fotos nas galerias do Metro de Pyongyang.Parabéns! Uma visão muito interessante do cotidiano e a arquitetura é bem interessante também.
Nunca ia imaginar que as estações de metrô em Pyongyang seriam tão lindas assim! Acho que nunca tinha visto foto! Sou louca pra ir pra Rússia por esse motivo, vou ter que incluir Coreia do Norte na wishlist também hahaha
realmente, uma viagem ao tempo, parecem fotos dos anos 80. tenho vontade de visitar a coreia do norte pois tenho curiosidade de como funciona
O metrô de Pyongyang foi um dos mais incríveis que já conhecemos! Aliás, toda a Coreia do Norte foi uma viagem inesquecível pra gente! Amei suas fotos e o relato detalhado do passeio pelo metrô.
Sempre que tem um post sobre a Coreia do Norte, fico impressionado porque é um país de que eu sei praticamente nada. Pois bem, encantado com essas estações de metrô. Muito lindas. Fotos ótimas! Muito interessante!
Perfeito trazer para nós informações sobre esse “mundo subterrâneo”. Acho super curioso quando os locais investem em suas estações de metrô, seja pela modernidade, pela arte ou até mesmo na tecnologia. Parece que tem um misto de tudo nessas estações.
Não imaginava que uma viagem de metrô podia ser tão interessante. Adorei saber sobre esse mundo subterrâneo da Coréia do Norte, um país que sabemos tão pouco sobre. As fotos estão simplesmente maravilhosas.
ADOREI o post e o ‘fascinante mundo subterraneo” da capital da Coreia do Norte. Inveja muitooooo boa esta tua aventura num país que há muito desejo visitar.