Pequim – 3 dias na capital da China
Pequim (ou Beijing) foi a minha porta de entrada na China. Neste artigo pode descobrir o meu roteiro desses 3 dias, com os principais locais que visitei, dicas para explorar a cidade, onde comer e dormir.
Locais a visitar em Pequim que vai encontrar neste artigo
Chegada a Pequim
Depois de umas intermináveis nove horas no ar, aterro por fim na China. Um sonho antigo começa-se a realizar.
O aeroporto é estranhamente calmo. As câmaras de video-vigilância são omnipresentes e a primeira paragem é numa máquina que recolhe as impressões digitais de quem chega. O controlo fronteiriço é rápido, tal como o alfandegário. Estou na China.
Com a VPN e uma autenticação por SMS consigo ligar-me ao Wi-Fi do aeroporto e falar por Whatsapp com a família. Para terminar as “formalidades” básicas no aeroporto, levanto 500RMB num ATM, compro um bilhete de comboio e metro recarregável e dirijo-me à plataforma.
A viagem até ao centro da cidade demora uns 20 minutos. O sol espreita alaranjado pelo meio de um estranho céu nublado. Lá fora há trânsito, obras e arranha-céus no horizonte. Saio na estação de Dongzhimen, onde apanho o metro até à estação central de Pequim. Quero antes de mais levantar os bilhetes de comboio que comprei on-line antecipadamente.
Na praça em frente há muita gente, policias e militares, mas lá dentro tudo é calmo. Há um guichet com um funcionário que fala inglês, mas nem era necessário, pois basta dar o passaporte e o código de reserva para obter os bilhetes.
Praça Tiananmen
Volto ao metro para ir até à praça Tiananmen. As distâncias em Pequim são enormes e é mesmo fundamental usar transportes. Não dá para andar só a pé. Mesmo assim, acabei sempre por chegar ao fim do dia exausto.
Nem tinha noção do tamanho da praça. Por estar a decorrer uma visita oficial ou outra cerimónia semelhante, a entrada na praça em si está fechada. Só se pode circular por fora.
No centro encontra-se o túmulo de Mao, que gostaria de ter visitado, mas que acabou por não ser possível. Para me aproximar da entrada da Cidade Proibida, ao topo da praça, é necessário apresentar o passaporte e passar por um controlo de segurança.
Como pretendo voltar no dia seguinte, perco pouco tempo aqui e volto a apanhar o metro em direcção ao Templo do Céu.
O Templo do Céu
Compro o bilhete por 20RMB e entro no enorme parque que rodeia este complexo de templos. Há muita gente que vem até aqui só para passear pelos jardins, havendo por isso um bilhete mais barato só para os jardins.
Este é o maior complexo de templos Taoistas de Pequim sendo também classificado como Património da Humanidade pela UNESCO. Assente sobre três patamares de mármore branco, a sala de orações pelas boas colheitas, de forma circular, é o edifício mais conhecido.
Daqui caminho ainda até ao grande altar circular onde as pessoas fazem fila para tirar um fotografia no seu centro, tido como o centro do paraíso.
O recinto é enorme e acabo por visitar apenas uma pequena parte. A mochila começa a pesar e as pernas a queixarem-se. O Jetlag está a atacar.
Hutong Nanluoguxiang
Para alojamento nestes dias em Pequim escolhi ficar no Peking Youth Hostel, localizado no Hutong Nanluoguxiang. Os Hutong são as “ruas estreitas” da cidade, bairros que ainda mantêm o traço da antiga Pequim, com pequenas ruas e becos de casas baixas que contrastam com os arranha-céus e largas avenidas que dominam a Pequim moderna.
Actualmente são ruas muito populares entre os turistas e moradores locais para comércio e diversão. Nas montras há doces de aspecto delicioso, roupa e artesanato, algum dele feito mesmo ali em frente aos curiosos.
Faço o check-in, descalço as botas e adormeço na cama.
Templo Lama de Yonghe
Acordo a meio da tarde e saio com o objectivo de visitar o Mosteiro de Yonghe, mais conhecido como Templo Lama. Não tinha grandes planos para esta tarde já que é sempre imprevisível a recuperação do Jetleg. Este templo foi o que me pareceu mais interessante de visitar, a uma distância precorrível a pé.
São 2,5 quilómetros por ruelas calmas, rasgadas de vez em quando por alguma avenida mais larga. Passo ainda à porta do Templo de Confúcio que parece merecer também uma visita, mas não paro.
Após comprar o bilhete por 25RMB, um corredor de Ginkgo Biloba douradas conduzem-me à porta do templo. Há muitos turistas e peregrinos, monges budistas e estátuas douradas. O fumo do incenso perfuma o local enquanto sobe para os deuses. Os edifícios vermelhos numa mistura de arquitectura tibetana e chinesa, fazem-me aterrar definitivamente na China.
Os guias referem-no como sendo o mais interessante templo de Pequim. Embora não visite mais nenhum templo na cidade (para além do Templo do Céu), saio daqui com a sensação de que é verdade.
As torres do Sino e do Tambor
Do templo Lama apanho o metro e passo ainda junto das torres do Sino e do Tambor que já estão fechadas. Anoitece.
Janto uma taça de noodles demasiado picantes para o meu palato e vou dormir pelas 7 da tarde.
Segundo dia em Pequim
No segundo dia em Pequim visitei:
- Cidade Proibida
- Palácio de Verão
Apanho o metro para a estação de Tian’anmen Este, bem próximo da entrada na Cidade Proibida. Acabei por chegar um pouco mais tarde do que queria e fico estupefacto perante o cenário com que me deparo.
Milhares de pessoas organizadas em grupos esperam para passar sob o mais famoso retrato de Mao na porta da Paz Celestial. A multidão de proporções bíblicas arrasta-me até ao interior do primeiro pátio onde procuro desesperadamente pela bilheteira.
Com a revolução digital que se faz sentir na China como em nenhum outro local do mundo, os bilhetes físicos foram substituídos por bilhetes digitais. O que eu devia ter feito era pedir no hotel para me fazerem a reserva, até porque as entradas esgotam rápido, tal é a afluência de visitantes.
Depois de desesperar durante alguns minutos, por não encontrar qualquer indicação nem ninguém que falasse inglês, lá descobri a bilheteira, do lado direito antes do Portão Meridiano. Pago o ingresso, nem tão pouco há bilhete físico. Basta apresentar o passaporte à entrada.
Facilmente passo a manhã a visitar o espaço, sem conseguir ver nem metade do pouco que está aberto ao público. Uma visita exaustiva levaria mais do que um dia inteiro.
Algumas zonas e exposições requerem a compra de um bilhete extra, como é o caso da exposição da colecção de relojoaria ou, do tesouro, onde se pode ver o belo mural dos 9 Dragões.
Palácio de Verão
A tarde deste segundo dia foi dedicada ao palácio de Verão. Na verdade foi só o final da tarde, porque entre o almoço, levantar dinheiro e a viagem de metro até lá, acabei por chegar já a tarde ia avançada. Adquiro o bilhete simples pois a esta hora já nem me vendem o que inclui a entrada nos edifícios.
O Palácio de Verão fica nos arredores da cidade, mas é aqui que sinto pela primeira vez o intenso smog que invade as cidades chinesas. Subo a Colina da Longividade. Do outro lado acabo por comprar o bilhete para aceder ao grande Pagode do Incenso Budista.
Deste que é um dos edifícios mais vistosos do complexo consegue-se ter uma vista sobre o lago Kunming, onde imensos barcos passeiam.
Descanso um pouco nas margens do lago. Um homem pinta caracteres no chão com um pincel e água. Uma escrita efémera da qual mesmo não percebendo o significado, tem um quê de poético.
Terceiro dia em Pequim: A Grande Muralha
O terceiro dia em Pequim não foi passado na cidade, mas sim a visitar a Grande Muralha. As secções mais conhecida da Muralha ficam nas montanhas em redor da cidade e são de visita obrigatória para quem vem à China.
Com distâncias à cidade a variar entre os 50 e os 13 quilómetros, Badaling,Mutianyu, Jinshanling,Simatai e Huangyaguan são as mais populares.
A minha escolha recaiu em Mutianyu, e Jiankou, uma secção contígua, não restaurada. Pode ler mais sobre a minha experiência na muralha da China neste artigo:
Muralha da China: do lado selvagem de Jiankou à recuperada Mutianyu
Terceiro dia em Pequim
Depois destes três dias em Pequim continuei a minha viagem pela China, tendo regressado à capital no último dia. Cheguei de comboio vindo de Luoyang e apanhei de imediato o metro para o local que seria o “encerramento oficial” desta viagem.
Ponte Marco Polo
A Ponte Lugou, é normalmente conhecida pelo nome do viajante europeu que a deu a conhecer ao mundo: Marco Polo.
Saio do metro na estação mais próxima, Dawayao, mas ainda assim são dois quilómetros de caminhada até à ponte. Felizmente, as últimas centenas de metros são nas ruas da cidade de Wanping, sem trânsito e rodeado de arquitectura tradicional. Há ainda um museu relativo à guerra entre a China e o Japão, que teve um importante episódio precisamente na ponte Lugou.
Pago os 20RMB e entro. Não está quase ninguém no local e eu, acho que não podia ter escolhido local melhor para terminar esta viagem. Este foi um dos locais que mais impressionou um dos primeiros europeus a vir até aqui. Mais que tudo o resto foi esta ponte que o impressionou. Antes, como agora, nem sempre são as grandes obras que impressionam os viajantes. Há muita riqueza nos pequenos detalhes.
A beleza dos leões que a ladeiam pode estar hoje diluída na poluição e no ruído do trânsito. A sua beleza pode ser questionável quando comparada com toda a grandeza da China. O certo é que este será sempre um símbolo do espanto que causa o encontro com uma cultura diferente.
Pequim Moderna
Para queimar os últimos cartuchos apanho o metro até à estação de Jintaixizhao na zona mais moderna da cidade.
Envoltos na poluição e nevoeiro que se faz sentir, consigo vislumbrar as silhuetas de alguns arranha-céus e edifícios emblemáticos da arquitectura, como é o caso da sede da CCTV.
O trânsito caótico e as ruas com pouco interesse convidam-me a partir daqui e a voltar para o hotel antes do voo de regresso a Portugal na manhã seguinte.
Transportes
Do aeroporto para a cidade
O aeroporto Beijing Capital International Airport é o principal da cidade e tem 3 terminais. Os terminais 2 e 3 têm ligação à estação de Dongzhimen, na cidade, onde há também metro e autocarros.
Há comboio a cada 10 minutos e a viagem demora cerca de meia hora. O bilhete custa 25RMB por trajecto e pode ser pago com o cartão que apresento abaixo.
Metro em Pequim
Como as distâncias são enormes é fundamental usar transportes públicos, sendo o mais prático, a meu ver, o metro.
A rede é muito eficiente e os comboios frequentes. À entrada de cada estação há sempre uma revista com passagem por detector de metais e passagem de bagagem por raio-x. Se andar sem bagagem pode evitar as filas e ir directo ao detector de metais.
Recomendo a compra de um cartão recarregável como o da imagem pois torna muito prático o uso dos transportes já que não tem de andar a comprar um bilhete em cada viagem.
Comprei o meu na estação de Dongzhimen assim que cheguei, mas só depois vi que podia ter comprado logo no aeroporto e usado na viagem até ao centro da cidade. São vendidos nos guichets e podem ser recarregados nas máquinas automáticas.
Para obter um é necessário deixar um depósito de 20RMB, que é devolvido quando devolver o cartão. Eu devolvi o meu no aeroporto e reavi os 20RMB mais o saldo que ainda sobrava no cartão. Ao que parece isto só é possível se o saldo for inferior a 100RMB, caso contrário é necessário ir ao banco.
Autocarro em Pequim (e arredores)
O cartão pode também ser usado nos autocarros e ao que parece o valor descontado é metade do que é cobrado se pagar em notas.
Dentro da cidade não usei autocarro, mas para a ir à Graned Muralha usei-o. Isto porque o cartão é válido nos transportes da área metropolitana de Pequim (que é muito grande…).
A alternativa é pagar em notas, que se introduzem numa caixa que há à entrada do autocarro.
Onde dormir em Pequim
O alojamento em Pequim é bastante caro, especialmente quando comparado com outros locais do país. A procura é também imensa, pelo que é essencial reservar com alguma antecedência, pois as melhores opções ficam ocupadas com algumas semanas de antecedência.
Eu optei por ficar no Hutong Nanluoguxiang, no Peking Youth Hostel. O preço que paguei por 3 noites em dormitório foi de 450RMB. É certo que há hostels mais baratos, mas este é um local excepcional que valeu cada cêntimo. Tanto é que, para a última noite antes do regresso, optei por voltar a reservar cama ali.
No rés-do-chão há um excelente restaurante que serve deliciosos pratos ocidentais. Uma óptima opção para quem acabou de chegar e ainda se está a adaptar à comida chinesa.
O espaço está sempre decorado com imensas flores naturais que dão ao espaço um ambiente óptimo para relaxar depois de um dia de visitas.
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