Praias fluviais na Serra da Estrela e outros locais para descobrir no Verão
A alguns meses de distância do frio e da neve, das filas intermináveis de carros, quando as estradas não estão fechadas, há uma outra Serra da Estrela para descobrir.
Com a chegada da Primavera o branco dá lugar ao verde, os skis aos rebanhos de ovelhas, a agitação à suave brisa, a neve à água que escorre pelas encostas. É assim que eu gosto de a visitar.
Mais uma vez este ano decidi ir até lá no Verão e ficar alguns dias para conhecer algumas das praias fluviais e outros lugares das suas encostas.
Praia Fluvial de Lapa dos Dinheiros
Começámos estes dias na Serra da Estrela pela Lapa dos Dinheiros. A 8 quilómetros de Seia, junto à aldeia do mesmo nome, esta pequena praia fica num vale rodeado de arvoredos. São imensos os castanheiros que no final do Verão se enfeitam com os seus ouriços.
Sem perder a transparência, as águas reflectem no seu tom esverdeado a paisagem em redor. Como cheguei aqui já ao final do dia, nem ousei tomar banho. Ainda assim, pelo que pude provar, as águas são geladas, como convém numa praia de montanha.
A praia fluvial de Lapa dos Dinheiros é distinguida com dois galardões: a Bandeira Azul e a de praia acessível, possuindo rampas e equipamentos para que os deficientes motores possam usufruir dos banhos. A praia é vigiada durante época balnear e há um pequeno bar para servir os veraneantes.
Como chegar
Para chegar lá, saindo de Seia, pela EN 231 em direcção a Loriga, vai encontrar uma placa a indicar a praia num cruzamento à esquerda. Depois de algumas curvas e subidas acentuadas pelo meio da aldeia, entra-se num caminho de terra batida. Em poucas centenas de metros estamos no parque de estacionamento, a uns 50m da praia. Mesmo na praia há 1 lugar para reservado a deficientes.
O que ver em redor
Um dos locais mais famosos aqui é o buraco da Moura, uma caverna formada por blocos graníticos gigantes. Infelizmente não a consegui encontrar. Pensava que era subir o trilho junto à ponte, mas afinal parece que não.
Acabei por subir até uma vala do sistema hidroeléctrico da Serra da Estrela. Não encontrei o tal buraco mas pude apreciar as belas paisagens da serra de outra perspectiva. O trilho que percorri faz parte de uma grande rota pedestres que liga as Aldeias Históricas.
Para o outro lado, descendo o trilho sinalizado ficam as cascatas da Ribeira da Caniça. A paisagem natural é deslumbrante, mas no final de um Verão seco como foi o de 2017, é pouca a água que por aqui passa.
Praia Fluvial de Vila Cova à Coelheira
No segundo dia fizemos uma pequena paragem na praia fluvial de Vila Cova à Coelheira, bem perto do nosso alojamento.
A ponte romana sobre o rio Alva dá acesso à praia. De águas pouco profundas esta é uma das várias praias fluviais que se podem encontrar nas margens deste rio, como é o caso de Sandomil, poucos quilómetros a jusante.
As mais valia deste local é o grande parque de merendas com muitas sombras e mesas a convidar ao convívio nos dias de mais calor. Ao que parece é também possível acampar aqui.
Praia Fluvial de Loriga
Ainda no concelho de Seia, Loriga foi a praia que mais me encantou nestas paragens. Inserida no vale glaciar que provém directamente do planalto superior da Serra da Estrela, esta praia é distinguida com Qualidade de Ouro pela Quercus e com Bandeira Azul. Para além do lago principal, mais fundo, há outros mais pequenos, de baixa profundidade, ideais para crianças.
Também nesta praia há nadadores salvadores e condições de acessibilidade para deficientes. A sombra das árvores e algumas mesas oferecem condições para um picnic, embora que para poucas pessoas. Há ainda um bar que serve petiscos e bebidas.
Embora eu deteste água fria e raramente vá a banhos nas praias, aqui não consegui resistir à beleza do local e acabei por entrar na água. Veja esta foto. Conseguia resistir?
Como chegar
A praia fluvial de Loriga fica a cerca de 17 quilómetros de Seia pela EN 231. Vindo de Seia, passa-se a aldeia de Loriga e a praia fica depois a cerca de 1 quilómetro do centro. Os lugares de estacionamento não são muitos, mas surpreendeu-me que num Domingo de Agosto eram poucas as pessoas que por lá estavam.
Praia Fluvial de Vale do Rossim
Bem perto das conhecidas Penhas Douradas, a mais de 1400 metros de altitude, fica a praia fluvial do Vale do Rossim. O lago é formado pela albufeira de uma barragem e por isso é bem maior que as restantes que visitei.
A altitude condiciona naturalmente a meteorologia. No dia em que visitei estava muito desagradável para fazer praia, com algum frio, muito vento e até algumas ondas. Partes da margem são ladeadas por um areão grosso de granito, o que a torna na mais semelhante às praias do litoral.
Junto à praia há um bar e restaurante onde acabámos por almoçar. Os preços rondam os 12 a 15 euros incluindo prato, sopa, sobremesa e entradas. É possível alugar canoas para passear pela lagoa, mas ao contrário das anteriores não há nadador salvador.
Mesmo junto à praia fica o parque Vale de Rossim Ecoresort onde para além do campismo tradicional se pode ficar alojando em luxuosos Yurts. Algo a experimentar numa próxima visita. Ali bem perto há também alojamento na Casa das Penhas Douradas.
Como chegar
Vale do Rossim fica junto à EN 232 que vai de Gouveia para Manteigas. Basta virar no cruzamento que está devidamente sinalizado.
Cascata do Poço da Broca
Porque este artigo não é só sobre praias fluviais mas também sobre outras maravilhas naturais da Serra da Estrela, não podia deixar de incluir o Poço da Broca. Aqui, as águas da ribeira do Alvoco despenham-se em duas pequenas cascatas formando um cenário de grande beleza.
É claro que dá para tomar uns banhos, mas as condições não são as ideais. Aproveite antes para apreciar a fauna e flora, descansar um pouco na esplanada ou almoçar no restaurante que fica mesmo sobre o ribeiro.
Embora não tenha visitado, parece que poucos quilómetros acima, no Poço do Lagar, há boas condições para banhos.
Como chegar
Para aqui chegar eu desci a partir da EN 231 que liga Seia a Loriga pelas aldeias da Cabeça e Casal do Rei. Se for com tempo aproveite para fazer uma paragem e conhecer estes povoados perdidos na encosta, com as suas típicas casas de xisto.
Cabeça da Velha
Próximo de Seia fica a Cabeça da Velha. Trata-se de uma das muitas formações rochosas que as gerações se encarregaram de apelidar de acordo com a sua silhueta. O caminho para lá chegar, em terra batida, sempre a subir, parte da Senhora do Desterro. Com alguma dificuldade é acessível a qualquer viatura.
Lagoa Serrano
Termino esta lista pela primeira destas “praias”, que visitei em 2015 numa visita pouco planeada à serra. O local cativou-me e fez-me querer voltar para conhecer mais.
A Lagoa Serrano fica a poucas centenas de metros da Torre, bem no alto da serra. Tal como a Lagoa do Covão das Quelhas e a do Covão do Meio, são lagos artificiais que fazem parte do sistema de aproveitamento hidroeléctrico da Serra da Estrela.
Estas lagoas apenas são acessíveis a pé ou com 4×4 a partir da estância de sky. A paisagem é do mais natural e selvagem que pode encontrar. É muito provável que a tenha toda só para si e para alguns animais que a habitam.
Esta rã é apenas um exemplo da fauna que se pode observar nestas praias. Para além dos peixes, na Loriga vi mesmo uma pequena cobra de água a espreitar por entre as pedras.
Onde dormir
Em 2015 tive o gosto de passar uma noite na soberba Pousada da Serra da Estrela. Instalada no edifício do antigo sanatório e requalificado pelo reputado arquitecto Souto Moura, é um local de excelência para pernoitar na Serra da Estrela. No entanto, se o que pretende é visitar os locais que apresento neste artigo, a sua localização não é a ideal.
Desta vez, em 2017, optei por ficar na encosta Oeste junto a Seia, já que é nesta zona que ficam a maioria das praias fluviais. A escolha foi a Casa da Ribeira do Círio, em Vila Cova à Coelheira, uma das praias que apresento acima.
Mapa dos locais
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