Sukhothai, as ruínas do reino da felicidade
Com a fundação do reino de Sukhothai em meados do século XIII, nascia aquilo que viria a ser a Tailândia. Sukhotai significa em sânscrito “Despertar da Felicidade”. Seria esta felicidade a dar origem aos famosos sorrisos da Tailândia?
Atingiu o seu auge no reinado do rei Ram Khamhaeng (1279 – 1298), dominando grande parte do território hoje ocupado pelo país. Foi assim introduzido um novo alfabeto e o Budismo tornou-se a filosofia dominante. No século XV viria a ser absorvido pelo reino de Aiutaia, acabando a sua capital votada ao abandono.
Em 1991 a Cidade Histórica de Sukhothai e Cidades Históricas Associadas foram inscritas pela UNESCO na lista de Património da Humanidade.
Pelo ar até Sukhothai
Depois de um dia em Banguecoque, aterro no peculiar aeroporto de Sukhothai ao inicio da tarde. Em pequenas viaturas semelhantes a carrinhos de golfe somos transportados do bimotor até ao terminal. Este não é mais que um telheiro rodeado por um jardim zoológico, com as girafas e zebras ali mesmo ao lado.
À minha espera está o Yui que será o meu guia nos próximos dias por esta região do interior norte da Tailândia. A primeira paragem é numa quinta orgânica a poucas centenas de metros para almoçar.
Depois de uma refeição com vista para os campos faço uma visita à quinta. Dos produtos aqui cultivados destaca-se uma variedade de arroz escuro e longo, que os funcionários pacientemente escolhem à mão. Deliciosa, conforme pude comprovar ao almoço.
Finda a visita percorremos os 40 quilómetros que nos separam do parque histórico de Sukhothai. Já resta pouco do dia. Descanso um pouco no terraço do meu quarto. Saímos ao cair da noite para uma visita ao colorido mercado nocturno antes de irmos jantar. A comida é mais uma vez deliciosa.
Visita ao parque histórico de Sukhothai
A forma mais popular para visitar é de bicicleta, que se pode alugar à entrada do parque. A muralha do núcleo principal da antiga cidade define um rectângulo de dois quilómetros de comprimento por um e meio de largura. Dispersas no seu interior encontram-se as ruínas dos principais edifícios da antiga cidade, sobretudo templos, constituindo o parque histórico de Sukhothai.
Há imensos cães, o que ao inicio me preocupa. Estou habituado a que estes me persigam quando ando de bicicleta, aqui com o risco acrescido da possibilidade de transmitirem raiva. Felizmente que estes são completamente alheios aos velocípedes. Devem ter percebido que é uma guerra perdida, tal é a quantidade de veículos de duas rodas que circulam pela Tailândia.
Wat Mahathat
Começo a visita pelas ruínas do Wat Mahathat, o templo central da cidade, rodeado de diversas estupas budistas em forma de sino, estilo característico do reino de Sukhothai. Não custa imaginar a grandeza da época de ouro desta civilização.
Wat Si Sawai
A algumas pedaladas de distância fica o Wat Si Sawai. Inicialmente construído como um templo hindu, tem ainda algumas marcas desse período, como as Lingam, assim como influências da arquitectura Khmer.
Wat Sa Si
Construído no meio de um lago (todo o parque tem imensos lagos que serviam como reservatórios de água para a cidade), destaca-se a grande estupa e, uma estátua de bronze aqui encontrada, representando Buda a caminhar. Dizem ser uma das mais belas representações de Buda existente.
O rei Ram Khamhaeng
A última paragem no interior do parque histórico é junto da estátua do rei Ram Khamhaeng. Este reinou no final do século XIII, o período mais próspero do reino de Sukhothai e é tido como o criador do alfabeto tailandês.
Wat Si Chum
Poucas centenas de metros a norte do parque histórico fica o mais impressionante dos templos de Sukhothai: Wat Si Chum. Aqui paga-se novamente 100Baht para entrar. A bicicleta essa, pode ficar à porta: o espaço é pequeno.
À sombra de um enorme mangueiro está o templo que me trás até aqui. Assim que entro consigo logo ver os olhos do Buda que espreitam pela pequena fenda das paredes que o envolvem.
Lá dentro somos esmagados pela sua grandiosidade. Quinze metros de altura, onze de largura, entalados em quatro grossas paredes de tijolo. Assim é o Buda sentado de Wat Si Chum: razão suficiente, per si, para colocar Sukhothai no roteiro de viagem pela Tailândia.
Pedalar mais
A visita a estes locais ficou terminada antes de almoço. A ideia era aproveitar a tarde para descansar, mas nem a fabulosa piscina do hotel Le Charme Sukhothai me convenceu a ficar. Acabei por alugar uma bicicleta, desta vez no hotel, e ir pedalar mais um pouco.
Faço uma pequena paragem num templo que se mantém activo e não em ruínas, logo à entrada do parque histórico, antes de seguir para o museu.
Museu de Sukhothai
Junto à entrada do Parque Histórico que visitei de manhã, fica o Museu Nacional Ram Khamhaeng. Este começa por contar a história das escavações e trabalhos de recuperação das ruínas levados a cabo nos anos 1950.
Nos dois edifícios que o compõem encontram-se expostos alguns dos artefactos aqui encontrados, respeitantes aos vários períodos e influências dos povos que por aqui passaram. Especial destaque é dado também ao alfabeto tailandês aqui criado pelo rei Ram Khamhaeng (como já referi acima), que dá nome ao museu.
Wat Sorosak – o templo dos elefantes
Do museu, pedalando para norte, deparei-me com o belíssimo Wat Sorosak. A terra vermelha, as grandes árvores que o rodeiam e o calor que se faz sentir, fazem-me lembrar África. Só a arquitectura não deixa dúvidas de que estou na Ásia. A particularidade deste é ser suportado por belas estátuas de elefantes. Um ponto de paragem obrigatória.
O sector norte de Sukhothai
Saindo das muralhas da antiga cidade, chego ao sector norte. Este é bem menos visitado. Há menos para ver, mas tendo um dia inteiro em Sukhothai, vale a pena a visita. O custo da entrada é novamente 100Baht, mais 10Baht para a bicicleta.
As ruínas aqui estão muito degradadas e são bem menos impressionantes que as do sector central. Destas destaca-se o Wat Phra Phai Luang, um templo hindu, de arquitectura Khmer, anterior à fundação do reino de Sukhothai.
Pedalo de regresso ao hotel. A piscina espera-me ansiosamente!
Guia prático para Sukhothai
Onde dormir
Nas duas noites que passei em Sukhothai fiquei alojado no Le Charme Sukhothai Historical Park. Embora ao inicio fosse um pouco apreensivo por este ficar um pouco afastado do centro da povoação, a verdade é que acabei por adorar já que de bicicleta são 5 minutos até à entrada das muralhas. O espaço é muito calmo e relaxante, com uma piscina formidável para descansar depois de um dia a pedalar.
O preço do quarto duplo com pequeno almoço ronda os 50€. Pode encontrar outras opções de alojamento aqui: hoteis em Shukhothai. Há uma oferta muito variada, desde hostels a resorts mais luxuosos.
O repelente de insectos, assim como o cuidado para não deixar janelas abertas é fundamental, especialmente à noite.
Onde comer e fazer compras
Entre a entrada do sector central e a bilheteira do parque histórico encontra-se o mercado nocturno e um sem número de restaurantes e lojas, entre as quais um sempre útil supermercado 7 Eleven.
Embora o pudesse fazer no hotel, acabei por jantar sempre noutros restaurantes, que embora um pouco turísticos, serviam deliciosa comida tailandesa.
Como chegar
A zona histórica fica 12 quilómetros a oeste da actual cidade de Sukhothai e 40 quilómetros a sul do aeroporto, havendo autocarros a ligar os vários pontos.
Vindo de Banguecoque, o avião é a opção mais rápida (há dois voos diários) e demora menos de uma hora em meia. O comboio pode também ser uma alternativa. Neste caso terá de sair na cidade de Pitsanulok e daqui apanhar um autocarro para Sukhothai.
Viagem com o apoio da Autoridade de Turismo da Tailândia e Associação de Bloggers de Viagem Portugueses
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