Xi’an
Não vou mentir: fui até Xi’an não pela cidade em si, mas pelos excepcionais locais que há em seu redor. Deixei pouco tempo para uma cidade que merecia bem mais.
Xi’an é uma das cidades mais importantes da China, tendo sido sua capital durante várias dinastias e ponto de partida para as caravanas da rota da seda.
Chego ao final do nono dia de viagem no país e, à primeira vista, a cidade não me cativa de todo. Chove bastante quando saio do metro, depois de uma viagem em comboio de alta velocidade desde Pingyao.
Num tom monocromático, o céu confunde-se com os edifícios no interior da cidade muralhada. As pessoas na rua são aos milhares. Os carros também.
A caminhada até ao hotel parecia ser mais pequena no mapa, mas a escala da China é enganadora. Chego todo molhado. A recepção do hotel parece não corresponder bem àquilo que esperava, mas o quarto, que é o que interessa, agrada-me. Fico no PuSu Jade Boutique Hotel, num quarto com vista para a formidável muralha que protege o núcleo da cidade.
Depois de lavar alguma roupa e descansar um pouco saio para explorar a cidade. O céu continua cinzento mas já não chove. Passo junto da torre do sino e sigo pela avenida principal, adornada de jardins floridos e lojas de marcas de luxo. Viro depois para o bairro muçulmano.
Conquistado pela boca no bairro muçulmano
Ao dobrar de cada esquina sinto-me a sair deste país. Há talhos com carne pendurada, há especiarias aos molhos. Dos grelhadores emanam cheiros que abrem o apetite. A atmosfera quente transporta-me para um país árabe. Só os olhos e os caracteres me recordam que estou na China.
Ao contrário das ruas escuras por onde entro, naquela que desce da torre do tambor vive-se um festival de luz e sabores. Dominam os pregões, as espetadas de borrego, de lulas e de polvo.
A comida que encontro aqui tem pouco a ver com a de Pequim, Datong ou Pingyao, por onde passei nos dias anteriores. Come-se de pé no meio da multidão. Uma espetada de carne custa 10RMB. Uma de lula (inteira), 20RMB. Sumos de romã, chá e banana frita ajudam a lavar o palato de tal dose de especiarias.
Deixo lugar marcado para jantar no dia seguinte.
As torres do sino e do tambor: uma explosão de cores
Com o cair da noite, a cidade ganha uma nova face. O céu já não está cinzento, mas preto. Tela perfeita para as cores vivas com que a luz pintou as torres do sino e do tambor. Detenho-me por alguns minutos a observar o espectáculo na fonte luminosa onde a água dança ao som de música clássica.
No regresso ao hotel vejo uma cidade bem diferente daquela que me recebeu há poucas horas. O trânsito continua infernal, mas os prédios ganharam nova vida. Reparo agora, com a iluminação nocturna, que todos têm telhados tradicionais chineses. Pode ser apenas um pormenor, mas é daqueles que me fazem gostar de estar aqui, porque cidades há muitas, mas como estas, só na China.
O mausoléu do imperador Qin e o seu exército de terracota
A principal razão da minha visita a Xi’an foram os famosos soldados de terracota postos a descoberto junto ao mausoléu do primeiro imperador da China.
O imponente exército que podemos ver hoje, deve a sua glória ao trabalho incansável das equipas de arqueólogos que desde a sua descoberta trabalham para os devolver à vida. Sobre este que é possivelmente o segundo monumento mais famoso da China (a seguir à grande muralha), irei escrever com mais detalhe brevemente.
Huashan
A segunda razão para passar por Xi’an foi o local para onde viajei de seguida: o monte Hua. Conhecido pelos seus trilhos vertiginosos e paisagens deslumbrantes, esta montanha sagrada para o Taoismo fica a 120 quilómetros a oeste de Xi’an.
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