Do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo: caminhada na ilha da Madeira
Caminhar é, sem dúvida, a melhor forma de viajar. É caminhando que a dificuldade da viagem nos transmite o maior prazer em descobrir. É certo que nem sempre o tempo chega. É certo que nem sempre o caminho o permite.
Embora alugar carro seja a melhor forma de conhecer a ilha da Madeira, nesta primeira viagem que fiz em 2009 decidi que iria apenas caminhar, andar à boleia ou de transportes públicos.
Do Funchal ao Pico do Areeiro
Depois de uma primeira noite passada em Machico, segui com alguns amigos que me acompanharam, de autocarro, até ao Funchal. Numa rápida ida ao posto de turismo soubemos que o próximo autocarro com passagem no Poiso partiria daí a 15 minutos. Não há transportes públicos até ao Pico do Areeiro, pelo que para lá chegar teríamos de ter carro alugado, ou ir de táxi ou, apanhar o autocarro que chega lá mais perto e sair no Poiso.
Em poucos minutos estamos a “sobrevoar” a cidade do Funchal no autocarro que nos transporta encosta acima. Olhando pela janela não é difícil perceber a razão das frequentes calamidades que assolam esta cidade em dias de forte chuva. Cerca de meia hora depois chegamos ao Poiso.
O Poiso não é mais que um cruzamento no ponto mais alto da Estrada Regional 103 que liga o Funchal a Santana, com a opção de descer para Machico ou, subir para o Pico do Areeiro. É para aí que vamos. A pé.
Rodeados de coníferas, líquenes e nevoeiro, começamos a subida. São cerca de 7 quilómetros que nos separam do terceiro pico mais alto da ilha: o do Areeiro. Com o avançar dos quilómetros, a vegetação vai ficando mais rasteira, o ar mais fresco, o declive mais acentuado. Depois de uma passagem pelo Poço da Neve chegamos por fim às antenas que dominam o pico.
Três horas, três Picos
Irresponsabilidade. Não tem outro nome aquilo em que nos metemos. Com tudo isto partimos do Pico do Areeiro já cerca das 18h00. A “PR1 – Vereda do Areeiro”, une o pico do Areeiro a 1818 metros de altitude ao Pico Ruivo, a 1861 metros, com passagem pelo Pico das Torres, com 1851 metros.
Não é alta montanha, mas também não é percurso para ser iniciado três horas antes do pôr-do-sol, quando os cartazes no seu início indicam que demora três horas e meia a percorrer os sete quilómetros. São picos duros de roer. De mochilas às costas, mergulhamos no reino das montanhas. O denso nevoeiro turva-nos a visão e ao mesmo tempo que nos impede de apreciar devidamente a paisagem e, leva-nos ainda um pouco mais acima: ao reino das nuvens.
Só quando aqui voltei em 2011 e percorri os primeiros metros deste percurso num dia soalheiro, tive noção dos caminhos por onde tinha andado dois anos antes.
O trilho é uma sucessão de escadas que ora sobem ora descem, escavadas na rocha e ladeadas por corrimões de aço que nos dão alguma segurança. A vereda apresenta duas variantes: “Este”, pelo pico das torres e “Oeste”, pelos túneis que permitem um pequeno atalho. Optámos pela primeira.
Quanto passamos o Pico das Torres o Sol já vai baixo e as nuvens transpõem, a grande velocidade, os cumes das montanhas, como quem regressa apressado a casa no final do dia. Aceleramos também nós o passo, na medida do possível. Nenhum de nós é “profissional” nisto das caminhadas de montanha.
Uma noite no Pico Ruivo
Não havendo alternativa, a solução para passar a noite no Pico Ruivo foi acampar. Campismo selvagem. Não que sejamos selvagens, mas à falta de um parque de campismo acabámos a montar a nossa tenda, ali junto à casa de abrigo. Nela estava o guarda que ali nos veio dar as boas noites e dizer para colocarmos a tenda debaixo do abrigo da churrasqueira.
De madrugada, pouco antes do sol raiar, subi os poucos metros que nos separavam do topo do Pico Ruivo na esperança de ver o nascer-do-sol. Nada mais vi que o nevoeiro e, para pasmo meu, uma mulher estrangeira com o filho que acordavam depois de passar ali a noite, apenas com o saco-cama.
Daqui seguimos a nossa caminhada com destino à Encomeada.
Algumas recomendações
- Antes de iniciar o percurso informe-se se este está aberto. Por vezes, devido a derrocadas, partes do percurso ficam intransitáveis, ou apenas pode seguir por uma das variantes (Este ou Oeste).
- Certifique-se de que tem tempo para ir e voltar ou chegar ao seu destino antes de anoitecer. É extremamente perigoso caminhar aqui de noite.
- Do Pico Ruivo pode descer para a Achada do Teixeira e aí chamar um táxi ou apanhar uma boleia que o leve para baixo, até Santana.
- Não vá sozinho ou se for, informe alguém do seu plano e leve telemóvel. Em parte do percurso há rede, mas não tenha isto como garantido.
- Leve alguma comida e água de reserva.
- Em caso de chuva forte não arrisque: as derrocadas são frequentes e podem ser fatais.
Nota: algumas das fotos que aqui coloquei foram tiradas em 2011 e não em 2009 quando percorri este trilho.
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4 Comentários
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eu fui aqui.. é um sitio mesmo indescritível. e uma caminhada linda
como sempre acima das nuvens 😉