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Pont du Gard (Aqueduto Romano), Património UNESCO em França

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Pont du Gard (Aqueduto Romano), Património UNESCO em França

O aqueduto romano de Pont du Gard foi construído no século I a.C. para fazer a passagem do aqueduto que levava a água para Nimes por cima do rio Gard. Esta ponte é composta por dois níveis.

O primeiro servia de estrada para pessoas e animais, e duas arcadas mais acima corria a água do aqueduto. A ponte tem 49 metros de altura e 275m de comprimento total e encontra-se num impressionante estado de conservação.

Visitantes caminhando na Pont du Gard em França
Visitantes caminhando na Pont du Gard em França

De Avignon à Pont du Gard

A Grand Randoné

Saio de manhã com a Bérénice que me dá boleia até Avignon. Hoje quero ir até à Pont du Gard, e para isso ela deixa-me junto à ponte onde começa a estrada que segue para esse lado. É uma via rápida, sem locais para os carros pararem. Está enevoado, logo não muito quente, e hoje acordei cheio de energia. Por isso decido caminhar e faço uns quilómetros pela berma da estrada, até que chego a uma zona em que não há berma. Saio da estrada, e para espanto meu, paralelo a esta passa um trilho G.R. sinalizado também com a concha de Santiago. Rapidamente vejo que os sinais se sucedem. Estou no caminho de Santiago, ainda que a mais de 1000km do túmulo do apóstolo. Uma bela surpresa nesta viagem a caminho da bela região da Provence.

GR42, um troço do caminho de Santiago em França
GR42, um troço do caminho de Santiago em França

Tinha lido em algum lado que passava uma Grand Randoné pela Pont du Gard. Seriam uns 25km a pé, por isso pus-me a caminho. Ora acontece que pouco depois chego a uma bifurcação. Para um lado segue a GR 63, para o outro a GR 42, que corresponde ao caminho de Santiago. A verdade é que naquela manhã me sentia capaz de deixar tudo e caminhar até Santiago.

Cruzeiro de pedra relembra o sagrado que é o Caminho de Santiago
Cruzeiro de pedra relembra o sagrado que é o Caminho de Santiago

Achei também mais provável que fosse a GR42 a passar na Pont du Gard, já que os primeiros peregrinos usavam estas pontes para chegar a Compostela. Como não tenho nenhum mapa decente que me indique onde fica a ponte ou onde estou, sigo o instinto. Com o aproximar do meio dia, as nuvens abrem-se e o Sol revela-se escaldante como nos últimos dias. O caminho faz-se na sua maioria pelo meio de vinhas. Como já tenho pouca água, roubo algumas uvas, ainda que com algum medo de estarem pulverizadas.

As vinhas são uma constante nesta região de França
As vinhas são uma constante nesta região de França

Começo a ficar preocupado quando a minha garrafa seca e a sede aumenta, sem haver nada mais que vinhas que nem sei se não estarão envenenadas 🙂 . Na verdade não me tinha preparado para isto, mas a sorte dos últimos dias acompanha-me, e numa visão épica começa a desenhar-se por cima das vinhas uma aldeia medieval no cimo duma colina. Incrível sensação esta de estar perdido, sem água, apenas a seguir umas marcas que não sei muito bem onde me levaram e de repente deparar-me com um oásis assim.

Vila de Théziers em França
Vila de Théziers em França

Subo até ao topo de Théziers onde se encontra a igreja e o Hotel de Ville. É o único local aberto onde vejo alguém. Dão-me água, mas não têm um mapa da região. Dizem-me que a Pont du Gard fica para Norte. Vasculho no meio dos papeis de informação turística e lá descubro um livrinho que tem um pequeno mapa. Mais tarde viria a descobrir que no verso tinha um mapa mais detalhado, onde até vêm as Grand Randonnes, e que na verdade, para chegar ao aqueduto devia ter seguido a 63 e não a 42.

Finalmente a ponte

Bela panorâmica do aqueduto da Pont du Gard
Bela panorâmica do aqueduto da Pont du Gard

Recomposto, caminho por mais 4km por entre uma belíssima paisagem de vinhas a perder de vista até Montfrin, localidade onde apanho boleia para os 8km que agora me separam de Remoulins, a vila vizinha da Pont du Gard. Finalmente chego a um monumento UNESCO em França que vale mesmo a pena! O aqueduto/ponte é realmente soberbo, e está encaixado num vale lindíssimo. O acesso ao local é livre, e apenas se paga para visitar o museu ou para caminhar sobre o topo do aqueduto. No entanto não encontro o museu e a entrada para o topo do aqueduto é demasiado em cima para o meu cansaço.

Arcos do aqueduto romano da Pont du Gard
Arcos do aqueduto romano da Pont du Gard

Partida para Arles

Bem mais interessante é o rio, que embora de água demasiado fresca para o meu gosto me convida a um banho para refrescar deste cansativo dia. Depois de ceder à tentação e comer um gelado, caminho para a rotunda. Parece não estar fácil, mas depois duns 20 minutos pára um senhor agricultor que me pergunta para onde vou. “Arles!”. “Vous avez beaucup de chance! Je va a Arles!” E é verdade, tenho mesmo muita sorte. Conseguir uma boleia directa para os 35km que me separam de Arles não era o que eu estava à espera!

Novamente chego a uma localidade sem ter onde dormir. Enviei ontem algumas mensagens pelo CS, mas não sei se alguém terá respondido. Preciso portanto de encontrar um cyber cafe. O posto de turismo já está fechado, e depois de correr pela cidade encontro um 5 minutos antes dele fechar. Tempo apenas para conseguir o numero de um rapaz e enviar um sms. A resposta é positiva. Volto ao posto de turismo para procurar no mapa onde fica a rua dele. Mesmo a chegar lá oiço falar português. Agora sim, encontro por fim os primeiro emigrantes portugueses em França. Um rapaz jovem e a sua mulher brasileira. Ficamos um bocado à conversa. Dizem-me que não é costume aparecerem viajantes portugueses de mochila às costas, e que os espírito comunitário entre os portugueses emigrantes está muito degradado. Com a ajuda deles lá encontro a rua no mapa.

O rapaz que me recebe é um autentico jovem rebelde. Vive num “apartamento” na zona histórica da cidade, que hoje está quase dominada por emigrantes árabes, e que por vezes me confunde. Não sei se estou em França se em Marrocos. A casa dele é o cumulo da desarrumação. Logo à entrada tem de se passar por cima dum sofá que está entalado no corredor. O resto é triste contar. 🙂 Encontro-o a ele com mais alguns amigos, um dos quais lhes está a ensinar guitarra. Percebe de música, e ainda aprendo alguma coisa com ele. Recuso o convite para sair. Estou demasiado cansado.

Como chegar e visitar – informação prática

A maior parte das pessoas chega ao local em carro próprio ou alugado. Vindo do lado Sul (Nimes), junto à ponte há um parque pago onde se podem parar os carros, ou então terá de o deixar em Remoulins, a localidade mais próxima e fazer o resto a pé. Eu cheguei à boleia por isso não tive de me preocupar com estacionamentos. Do lado Norte também há parques.

Não é necessário pagar nada para visitar a ponte, excepto se quiser subir e percorrer o tubo do aqueduto na parte superior,  que nem sempre está aberto. O bilhete custa 10€.

Cheguei lá já ao fim do dia, e penso que por isso estava tudo fechado. Aproveitei por isso para tomar um banho no rio. Há sempre muita gente a fazer praia nestes rios e a saltar dos penhascos, já que a zona é rochosa. É também possível alugar canoas para fazer um passeio.

Canoas e saltos para a água são uma constante na Pont du Gard
Canoas e saltos para a água são uma constante na Pont du Gard

Mapa da Ponte do Gard


Ver pont du gard num mapa maior

Consegui este mapa em Théziers quando andava “perdido” a seguir o caminho de Santiago, procurando a Pont du Gard. O mapa tem marcadas algumas Grande Randonnée, incluindo a GR42 que corresponde ao caminho de Santiago e a 63 que liga Avignon ao aqueduto romano da Pont du Gard.

Mapa de Remoulins

3 COMENTÁRIOS

  1. Muito obrigada pelas ajudas que este magnifico site me deu, para álem de serem muito preciosas estas informações tambem fiquei cheia de vontade de ir lá mesmo a França para conhecer estas belezas magnificas!! Mais uma vez muito obrigada pela ajuda muito mesmo valiosa!! Atè…

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