![Figueiró dos Vinhos: à descoberta dos seus encantos e recantos Figueiró dos Vinhos: à descoberta dos seus encantos e recantos](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01540-1-768x512.jpg)
Figueiró do Vinhos orgulha-se (e bem) de ser a terra (natal ou de vida) de nomes tão sonantes da arte portuguesa como José Malhoa ou Simões de Almeida. Mais uma vez fui visitar o concelho, mas nem parei na vila. A razão parece-me óbvia: o apelo das belas paisagens naturais do concelho é tal, que me desvia do resto. A arte dos homens ficará para uma próxima.
Até ao fim da estrada
No norte do concelho de Figueiró dos Vinhos, Moinho Novo é daquelas aldeias que os mapas já esqueceram. Saímos do IC8 para a fatídica EN236-1 por um punhado de quilómetros até à placa que indica Fontão Fundeiro.
![placas em estrada de terra batida na serra da Lousã](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01472.jpg)
As curvas apelam ao enjoo. Paramos na berma da estrada num miradouro improvisado para contemplar a paisagem: à direita, a aldeia Fontão Fundeiro, no horizonte a serra da Lousã e, lá ao fundo, a aldeia de Moinho Novo.
Passamos Fontão Fundeiro e cortamos à esquerda por um caminho de terra batida. É cerca de quilómetro e meio a descer. Não é necessário um 4×4, mas um ligeiro mais baixo teria dificuldade em percorre-lo.
Moinho Novo – uma aldeia que renasce
Moinho Novo esteve ao abandono durante alguns anos até as suas ruínas começarem a ser adquiridas e restauradas por forasteiros que aqui encontraram um refúgio para o stress das suas vidas profissionais.
![Aldeia de xisto com ribeira e criança a brincar](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01413-1.jpg)
Entre eles está o Sr. Carlos. Há uns anos adquiriu umas ruínas na encosta da aldeia. Para além do seu descanso, quis preparar o espaço para alojamento local e poder partilhar este local que o encanta com o Mundo. Assim nasceu a Casa do Moinho Novo e as Varandas do Moinho Novo. As duas pequenas casas são modestas. Paredes de pedra, chão de madeira, mobiliário muito dele feito pelo próprio. Das janelas e varandas contempla-se a ribeira de Alva. Para encanto do meu filho há uma caixa de areia para as brincadeiras mesmo junto ao açude, local perfeito para uns banhos nos dias mais quentes.
![Açude na ribeira de Alge, serra da Lousã](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01406-1.jpg)
![Criança a brincar junto a açude na ribeira de Alge, serra da Lousã](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01412-1.jpg)
![Ruínas de moinho em xisto](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01430-1.jpg)
![Ribeira de Alge](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01446-1.jpg)
![Parreira e parede de xisto](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01466-1.jpg)
As mós do moinho que dava nome à aldeia, já não rodam. Os vários proprietários esperam restaura-lo em breve. São aliás os proprietários que se encarregam da manutenção de todos os espaços públicos.
Depois de uma noite embalados pelo coachar dar rãs, ficamos mais um pouco a desfrutar desta natureza. Já se começam a preparar as brasas para o almoço quando partimos de Moinho Novo. Subimos pela estrada de terra batida em poucos minutos depois chegamos à sede da freguesia: Campelo.
![Sala em casa de xisto](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01463-1.jpg)
![Criança a contemplar paisagem à janela](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01378-2.jpg)
Campelo – à espera das trutas
Paramos nas traseiras da igreja, em frente à junta de freguesia. A buzina da carrinha do padeiro trás alguns habitantes à porta. Aproveitamos para comprar um bolos para a sobremesa do almoço que preparamos na autocaravana. Dali temos vista para o quase abandonado viveiro de trutas. O restaurante e o café estão fechados, os tanques estão vazios.
![vista panorâmica de Campelo com igreja e ribeira](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01499.jpg)
O posto aquícola de Campelo aguarda as obras de rejuvenescimento que deviam estar prontas no final deste ano, num projecto que prevê o repovoamento da ribeira de Alge que nasce poucos quilómetros acima e atravessa a povoação.
![posto aquícola de Campelo](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01478.jpg)
![aqueduto em Campelo](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01498.jpg)
As ruas estão quase desertas. Os parques infantis testemunham a baixa natalidade, assim como a escola primária que deu lugar a um parque de lazer com piscina, hoje fechado por causa do Covid.
Encontramos vida num local incomum nos dias que correm: o lavadouro público. Não está ninguém a lavar, mas o cheiro a sabão e a roupa que ali seca embalada pelo vento testemunham que aqui, provavelmente por impossibilidade, ainda alguém resiste às máquinas de lavar.
![parque infantil abandonado e ruínas](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01484.jpg)
![Lavadouro público com roupa estendida a secar](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01481.jpg)
Passamos ao lado de Castanheira de Pêra e retomamos a EN236-1 para sul, em direcção à mais recente atracção do concelho de Figueiró dos Vinhos: o passadiço das Fragas de São Simão.
São Simão – as fragas, a praia e os passadiços
A primeira vez que fui às fragas de São Simão a água corria escura, arrastando consigo as cinzas dos incêndios desse ano de 2017. A humidade do local tinha-o protegido do fogo e estava ali como que um pulmão verde no meio da cinza.
Três anos passaram. As encostas em redor voltam a ter a tonalidade de outrora: os eucaliptos e as acácias mimosas trouxeram de novo o verde. Mas também a mão do homem contribuiu para a mudança: uma escadaria de madeira desce agora do miradouro até à praia fluvial no sopé das fragas. A vista é maravilhosa e vale o esforço de voltar a subir tudo até ao carro.
![Passadiços e aldeia de xisto de São Simão](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01545-1.jpg)
Volto a deslumbrar-me com a beleza desta praia fluvial, que só lhe encontro paralelo na praia fluvial de Loriga, na Serra da Estrela.
A viagem pelo centro de Portugal segue para o distrito aqui ao lado: Castelo Branco, com passagem pela Sertã e Vila de Rei.
![Passadiços das fragas de São Simão](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01537-1.jpg)
![Praia fluvial das fragas de São Simão](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01534-1.jpg)
![Praia fluvial das fragas de São Simão](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01527-1.jpg)
![Vista do miradouro das fragas de São Simão](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/DSC01502.jpg)
![logotipo turismo centro de portugal](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2020/07/logos-turismo-centro.jpg)
Este artigo contou com a colaboração do Turismo Centro de Portugal e da Casa do Moinho Novo