![Mosteiro de Montserrat, Catalunha Mosteiro de Montserrat, Catalunha](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/montserrat-catalunha-768x1024.jpg)
Tudo começou há um tempo atrás (Dezembro) quando andava a procura dum destino com voos super lowcost (tipo promoções Ryanair a 0,01€ ou algo parecido, para uma semana que tinha livre em Fevereiro. Um belo dia lá se alinharam os astros e apareceu-me uma promoção para os dias que eu queria com uma resma de destinos a 1€ para cada lado. A escolha acabou por recair em Barcelona. Com as taxas do cartão de credito acabou por ficar a 12€ ida e volta.
Assim, dia 10 de Fevereiro à tarde lá tomei o autocarro da Batalha para o Porto, que me custou 15€, mais do que ir e voltar a Barcelona de avião, depois o metro, e logo o avião até Girona.
Começa aqui a aventura. 🙂
Como se não bastasse o nevoeiro cerrado na pista que nos fez esperar mais de meia hora a rodopiar no ar, duas filas à minha frente ir um bebé chorão (especialmente sensível às variações de pressão). Parecia mesmo que de manhã iria chegar ali o D. Sebastião, como que num ataque surpresa pela retaguarda, conquistando assim Espanha para os portugueses.
A agravar a situação, pensava nos boatos de que a Ryanair põe pouco combustível nos aviões para poupar…. Acabamos por aterrar certamente quando o depósito já estava seco, porque o nevoeiro esse, só com dificuldade permitia ver a ponta das asas, e nunca me tinha acontecido saltar no banco com o impacto na pista, e ver depois disso o avião inclinar como se fosse curvar… Mas pronto, estávamos todos vivos e bem de saúde e o bebé lá se calou. Ao meu lado ia um colega de Coimbra que encontrei por acaso ali no seu baptismo de voo.
Como já vem sendo hábito, a primeira noite foi passada no aeroporto. Este foi mesmo o melhor que já encontrei: bancos bem ergonómicos, quentinho mas não muito e pouco movimento à noite; só falha ter musica ambiente a noite toda. Por causa disso e da ansiedade, passei uma grande parte da noite acordado, até que lá ferrei sono. Tinha previsto apanhar o primeiro autocarro para Barcelona às 8 da manhã, mas acabei por acordar já passava das 8, no meio da agitação da manhã.
Apanhei o autocarro seguinte para Barcelona. À chegada, enquanto ouvia no mp3 o verdadeiro hino “Barcelona” do Freddie Mercury e da Montserra Caballe, eis que vejo assim como saído dum conto de fadas o Templo da Sagrada Família. Épico! A primeira, e rápida, impressão foi dum casinha de brincar ali encaixada no meio de todas aquelas ruas paralelas. Mas isto tinha de esperar mais um dia. Neste dia tinha programado ir até Montserrat e por isso apanhei logo ali o metro para a praça de Espanha, e aí o comboio até Montserrat. Na estação subterrânea da praça de Espanha existem bastantes indicações para a plataforma de acesso a Montserrat, e até um pequeno stand que dá todas as informações assim como o pessoal auxiliar com as suas camisas vermelhas é muito prestável.
![Teleférico para o mosteiro de Montserrat, Catalunha](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/teleferico-montserrat.jpg)
Montserrat é um famoso mosteiro encaixado a meio dum dos pontos mais altos da Catalunha, um impressionante maciço rochoso a 30km de Barcelona. A minha ideia inicial era subir a pé, e percorrer mais alguns dos inúmeros percursos de trekking existentes até Colbató, do outro lado da serra. No entanto tinha combinado com a couchsurfer que que ia receber de estar lá às 4:30 da tarde, e sendo já meio dia tive mesmo de apanhar o teleférico até ao mosteiro.
Este teleférico, conhecido por AERI, vence um desnível de 544m em 5 minutos. É também uma viagem no tempo pois foi construído em 1930, e mantém o mesmo traço de outrora.
Uma vez lá em cima, fiz uma rápida visita à basílica e à estátua da Nossa Senhora Negra, onde pude tocar no mundo que ela segura numa mão, e pedir para um dia o conhecer todo;
![A montanha vista da porta do mosteiro de Montserrat](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/porta-monteserrat.jpg)
A pequena estátua de madeira da Virgem Negra de Montserrat, adorada localmente como “La Moreneta” é o coração do mais sagrado local da Catalunha onde se encontra a basílica e mosteiro de Montserrat, próximo do topo da impressionante montanha do mesmo nome e que foi o primeiro parque natural a ser criado há mais de um século atrás.
No local não havia muitos turistas/peregrinos, primeiro por ser meio da semana e depois também provavelmente pela estrada de acesso estar fechada devido a desabamentos de terras nas ultimas semanas, fazendo-se o acesso apenas pelo AERI. Terminada a rápida visita, comi a bucha, fui pedir uns mapas dos percursos existentes e pus-me a andar serra acima.
![Mosteiro de Montserrat, Catalunha](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/mosteiro-montserrat.jpg)
Em 3 horas previa ter tempo de chegar a Colbató e ainda passar pelo alto de S. Jordi, o ponto mais alto. O inicio da subida é extenuante, quase sempre em degraus, e os trilhos não estão muito bem marcados. Acabei por me desorientar num dado ponto, e fez-se tarde. Cheguei a ter o alto de S. Jordi, a menos de 500metros, mas tive de desistir e tomar o caminho que me levava para S. Juan.
O tempo estava do melhor. Fresquinho, com as nuvens a anunciar chuva, e mesmo a caírem algumas gotas para assentar o pó, e pelo caminho encontravam-se sempre alguns caminhantes.
Cheguei assim à ermita de S. Juan. Para dizer a verdade não achei grande piada ao Mosteiro de Montserrat. É demasiado turístico, tipo Fátima. Adoro mosteiros e ermitas perdidas no meio das montanhas, e S. Juan era exactamente o que procurava. Fica lá bem no topo, afastado de toda a civilização. Por perto apenas umas cabras selvagens. Mais que a capela, existem umas ruínas suspensas nas rochas, que aproveitavam pequenas covas onde os ermitas viviam. Agora sim tinha valido a pena toda esta caminhada. A comparação com Meteora na Grécia era inevitável; pelas outras ruínas que encontrei pela montanha, aqui deve ter existido em tempos um complexo semelhante, embora não tão espectacular. Estes locais encantam-me verdadeiramente. Ainda um dia me trono ermita, nem que seja por uma semana 🙂
![Ermida no topo de Monstserrat, Catalunha](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/ermida-montserrat.jpg)
Terminado isto, era hora de começar a descer. Havia uma placa que indicava Colbató, para onde queria ir, e tomei o trilho. Era bastante sinuoso, sempre a descer, com alguma chuvinha à mistura. Já tinha pesquisado alguns percursos na net antes de ir, e só depois comecei a notar que esta num que era considerado como perigoso, especialmente com tempo de chuva. Algumas secções só dava mesmo para descer sentado a fazer “sku”. Felizmente correu tudo bem, mas podia ter acabado mal.
![Uma cabra, bem mais preparada para estas andanças em Montserrat](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/cabra.jpg)
Assim, acabamos por chegar os dois ao mesmo tempo ao local de encontro, as Cuevas de Salnitre, umas grutas, que infelizmente estavam fechadas, e onde Gaudi se terá inspirado para as suas obras.
A Lluisa, uma senhora super simpática que vive com a sua filha em Esparraguera, uma vila a 5km, simples, mas bastante bonita, foi a minha anfitriã. Tive ainda tempo nesse final de tarde depois te tomar um duche, de dar uma volta pelas ruelas da vila.
![Montserrat visto de Esparraguera](https://dobrarfronteiras.com/wp-content/uploads/2009/02/esparraguera-torre.jpg)
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