Coreia do Norte
Quando visitei a Coreia do Norte: Setembro de 2019
Nota introdutória: Esta página é sobre viajar na Republica Popular Democrática da Coreia e não sobre as políticas internas ou externas do país. Não obstante, o culto dos líderes, a política Songun e a ideologia Juche são uma constante ao longo da viagem e a forma como estas fazem parte da viagem estão patentes nestes artigos.
Alguns dados sobre a Coreia do Norte
Capital: Pyongyang
População: 25 milhões
Moeda: Won Norte Coreano (KPW), embora os turistas apenas usem EUR, USD ou RMB
Fronteiras da Coreia do Norte
A Coreia do Norte faz fronteira a norte com a China e a Rússia e a sul com a Coreia do Sul.
Perguntas frequentes sobre viajar na Coreia do Norte
É possível viajar na Coreia do Norte? É Seguro?
Sim, é possível viajar para a Coreia do Norte e na verdade é uma viagem super fácil de organizar. Desde que cumpra as regras básicas que vão sendo indicadas pelos guias, é um destino super seguro. Esta foi aliás, das viagens que fiz até hoje, a mais fácil de organizar e com maior segurança.
Porquê viajar para a Coreia do Norte?
A minha resposta a esta pergunta é a mesma que Mallory deu quando um jornalista lhe perguntou “porquê escalar o Evereste?”: “Porque está lá.” Para quem gosta de viajar qualquer fronteira é uma esperança de algo novo. Porquê ir agora? Porque o Mundo muda e, a Coreia de hoje não é a mesma que será daqui a uns anos. Não sei se vai haver uma guerra, se o regime vai mudar. Não sei. Mas é bem provável que sim, mais tarde ou mais cedo e depois, a Coreia não será a mesma.
Posso viajar de forma independente?
Não. Todos os turistas têm de ser acompanhados por guias nacionais ao longo de toda a viagem. O mais “independente” que se consegue ir é, em vez de ir num grupo, contratar um guia particular para o acompanhar.
Das agências que organizam viagens à Coreia, as mais populares são a Koryo Tours, a Young Pioneer Tours (YPT) e a Lupine Travel. Eu viajei com a YPT.
Não vou ver só o que eles me querem mostrar e ter o movimentos condicionados?
Pois vai, mas ainda assim verá muito mais que testes de armas, paradas militares ou penteados do líder, que é aquilo que a televisão ocidental lhe mostra. Nunca vi ninguém queixar-se de ter ido de férias para um resort e não ter visto os bairros de lata ou as prisões. Da mesma forma, os guias que nos acompanham querem mostrar o que o país tem de melhor e é preciso compreender que eles têm um enorme orgulho na sua pátria, nas batalhas travadas nos últimos anos e, nos seus líderes. Em todos os momentos da viagem terá de andar acompanhado por guias do país, não sendo possível por exemplo sair do hotel à noite.
Posso tirar fotografias durante a viagem?
Absolutamente. Eu infelizmente apanhei dias bastante cinzentos, mas o país é muito fotogénico, tanto em paisagens, como pessoas, como arquitectura. Os cartazes de propaganda e as mulheres com os seus fatos tradicionais nos dias festivos, dão um bonito colorido. Na prática pode fotografar tudo menos instalações ou pessoal militar, tal como em qualquer outro país do mundo. Quando houver outras proibições, os guias informam. Estas regras até são levadas com bastante ligeireza, pois se estiver a fotografar um local onde estejam militares, o que acaba por acontecer é que eles simplesmente escondem-se para que possamos fotografar.
Posso ir à Coreia do Norte mesmo com vistos do Japão, Coreia do Sul ou Estados Unidos no passaporte?
Sim, sem qualquer problema. Já o contrário é que fica mais complicado, no que aos Estados Unidos diz respeito. Visitando a Coreia do Norte deixa de ser elegível para o ESTA e passa a ter de fazer o visto.
O roteiro da minha viagem na Coreia do Norte
- Dias 2 e 3 de Setembro
- Viagem de comboio de Pequim para Pyongyang, com paragem para curta visita à cidade fronteiriça de Dandong (China);
- Dia 4 de Setembro
- Viagem de autocarro de Pyongyang para a cidade Hamhung, na costa este do país;
- Cascata de Ullim;
- Cooperativa agrícola de Tongbong;
- Estátuas dos líderes e miradouro de Hamhung;
- Dia 5 de Setembro: das indústrias de Hamhung às praias de Wonsan
- Fábrica de fertilizantes de Hungnam;
- Casa de Ri Song Gye – fundador da dinastia Ri;
- Grande Teatro de Hamhung;
- Viagem para Wonsan;
- Campo de férias internacional de Songdowan;
- Dia 6 de Setembro
- Pomar de maçãs de Kosan;
- Túmulo do rei Tongmyong;
- Viagem para Pyongyang;
- Dia 7 de Setembro
- Dia 8 de Setembro
- Dia 9 de Setembro
- Dias 10 e 11 de Setembro
- Viagem de comboio de Pyongyang para Pequim
Mapa da viagem na Coreia do Norte
Guia prático de viagem à Coreia do Norte
Como organizar a viagem
A única forma de viajar para a Coreia do Norte é através das agências autorizadas pelo país. Pode optar por se juntar a um grupo e seguir um dos vários roteiros que as agências oferecem ou, fazer um tour privado, podendo escolher o roteiro à sua media (ou grupo de amigos).
A generalidade das viagens partem de Pequim, pelo que terá sempre de ir à China e daí seguir para Pyongyang de comboio ou avião. Caso opte por fazer as viagens de avião, pode ser elegível para um visto de trânsito chinês.
Quanto custa a viagem
O preço dos roteiros oferecidos pelas agências rondam os 200€ por dia, incluindo viagens ida/volta a partir de Pequim de comboio, alojamento, alimentação e transportes no país. Por exemplo, o preço para a minha viagem foi de 1400€, para 6 dias de viagem efectiva no país, 7 noites em hotel, 2 em comboio.
A este valor acresce o visto (50€), seguro de viagem (aprox. 60€, conforme o número de dias), voos para Pequim, visto para a China (se necessário), gorjetas para os guias locais (quase obrigatório), outros extras como bilhetes para espectáculos, viagem de avião de/para Pequim (opcional, aprox. 200€, ida.)
Que dinheiro levar
Na Coreia do Norte não terá possibilidade de levantar dinheiro de nenhuma forma. O dinheiro que levar no bolso é o que terá disponível até sair do país.
É suposto os visitantes estrangeiros usarem Renminbis chineses, Euros ou Dólares Americanos (por ordem de preferência). A moeda chinesa é aquela que tem mais facilidade em ser aceite e haver troco, mas nem sempre a mais favorável em termos de câmbio. Por exemplo um produto pode custar 1€ ou 10RMB, quando o cambio é de 1€=7,5RMB (aprox.). A notas têm de estar em bom estado, sem dobras ou rasgadas. Rasgadas não vale a pena que eles não aceitam de todo.
Na minha viagem tivemos a possibilidade de visitar uma loja local (claramente destinada aos privilegiados do país), onde podemos cambiar o nosso dinheiro pela divisa local, o Won Norte Coreano.
Como são os hotéis
Das 7 noites que passei na Coreia do Norte, 5 foram na capital e 2 nas cidades costeiras de Hamhung e Wonsan.
Em Pyongyang fiquei nos hoteis Koryo e Yanggakdo, dois dos maiores e mais populares da cidade. Ambos estão talvez ao nível de um 4 estrelas no que diz respeito aos serviços oferecidos, onde se incluem bares, restaurantes, piscina, ginásio, cabeleireiro, e por aí fora. A decoração dos quartos, especialmente do Koryo, é uma viagem no tempo ao requinte dos meados do século passado.
Já fora da capital as unidades em que fiquei, embora fossem das melhores das respectivas cidades, relembram-nos que estamos num país em desenvolvimento, com serviços bem mais limitados e até, falhas no abstecimento de água ou, água quente só a determinadas horas.
Como são as refeições
As refeições principais são por norma compostas por vários pratos de entrada (sempre umas 6 a 10 variedades), seguida de um prato principal, normalmente uma sopa ou similar, acompanhada de arroz branco.
Com tanta variedade, mesmo para os mais esquisitos haverá sempre algo agradável. Eu achei a comida muito boa e tive a oportunidade de provar pratos novos, como os famosos noodles frios, sopa de algas e, sopa de cão.
Há um ou outro prato mais picante, mas rapidamente os aprenderá a identificar. Por norma este tempero vem à parte e pode adicionar a gosto.
O café é tido como um bem de luxo, já que é importado. Mesmo ao pequeno almoço não o há disponível há discrição, mas há-o. Nos restaurantes e casas de chá nem sempre o há disponível e a qualidade nem sempre é a melhor. Espere pagar 2 a 3€ por um expresso.
Como são as comunicações
Viajar para este destino é uma excelente desintoxicação de tecnologia e comunicação. Uma vez na Coreia do Norte não terá acesso à Internet de nenhuma forma, nem há tão pouco roaming para o telefone.
A comunicação é apenas possível num sentido: de lá para o exterior. Ou seja, pode fazer chamadas para casa, mas não terá como as receber. Eu paguei 2,5€ por minuto numa chamada para Portugal a partir do hotel Koryo em Pyongyang. A qualidade de ligação foi muito boa e rápida. Foi até barato já que o preço que tinha ouvido antes era de 5€/minuto, sem grandes garantias de qualidade.
Para casos de emergência os guias têm telemóveis e, é dado um contacto para que alguém de fora possa entrar em contacto consigo.
Como são os transportes
A deslocação da fronteira até à capital é feita de comboio (para quem viaja por terra). Os comboios norte coreanos são iguais aos comboios chineses, se não mesmo chineses. A velocidade é que é bem mais lenta…
Dentro do país as deslocações são todas feitas de autocarro ou, no caso dos viajantes individuais, em automóvel ligeiro. Os autocarros são bons. O problema mesmo são as estradas. Daquelas que percorri, só a que liga Pyongyang a Kaesong é asfaltada. As restantes são em placas de betão, nem sempre inteiro ou nivelado, o que provoca enorme trepidação.
Dado o reduzido tráfego e a baixa velocidade a que se circula, viajar na Coreia do Norte acaba por ser bastante mais seguro do que noutros países menos desenvolvidos.